A SBP reuniu preceptores de 10 serviços nos dias 08 e 09, em Brasília, para discutir a formulação e a implantação do novo currículo de três anos na Residência Médica em Pediatria. “Todos saíram muito animados e envolvidos”, salienta o dr. Eduardo Vaz. A proposta da Sociedade, de ampliação do conteúdo e, por isso, também do tempo de treinamento em serviço para três anos, foi aprovada pela plenária da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) em julho. A nova formação na especialidade será mais abrangente, atualizada, compatível com a proposta elaborada pelo Global Pediatric Education Consortium (GPEC) – aliança formada por quase 50 entidades de vários países, entre as quais a SBP. Estiveram no encontro, ocorrido na Universidade de Brasília (UnB), representantes de instituições que já reúnem condições e se dispuseram a iniciar o novo programa em 2014. As demais terão dois anos para a adequação.
Drs. Dioclécio Campos Jr. e Eduardo Vaz |
Representante da Sociedade no GPEC, dr. Dioclécio Campos Jr. expôs o modelo do currículo global, que estabelece detalhadamente as aptidões e comportamento necessários ao pediatra, capacidades, conhecimentos essenciais em cada item. “Definições que eram embrionárias, incompletas, passam integrar a metodologia fundamental da formação e o instrumento de avaliação do futuro pediatra. Com isso, o papel da preceptoria, sua responsabilidade na qualificação fica bem mais clara, objetiva”, frisa.
Dra. Sandra Grisi, diretora de Ensino e Pesquisa da SBP, apresentou a proposta que a entidade vem defendendo, com a definição das competências e habilidades necessárias para o exercício da Pediatria no século XXI, dos objetivos de cada ano, e das condições necessárias para alcançá-los. No novo currículo, a saúde mental passa a ser conteúdo explícito e obrigatório, a adolescência tem sua carga horária muito ampliada, as doenças crônicas são incluídas também obrigatoriamente. Treinamentos como em neonatologia também ganham mais tempo. A puericultura é aprofundada, com ênfase na influência do meio ambiente no crescimento e no desenvolvimento com vistas à saúde do adulto. A formulação abrange a atenção primária, secundária e terciária à saúde da criança e do adolescente.
A ideia, segundo o dr. dr. Gil Simões Batista, da Coordenação de Residência e Estágio em Pediatria da Sociedade, é que o pediatra tenha ampla formação, possa resolver a maioria dos problemas da saúde infanto-juvenil das várias regiões do País, ficando as questões realmente mais complexas para as áreas de atuação. Trata-se de aumentar a qualificação e a “resolutividade” do trabalho profissional no acompanhamento da criança e do adolescente saudáveis, dos que têm problemas prevalentes na faixa etária e também dos que sofrem de doenças raras, assinala o dr. Dioclécio.
Outra novidade é que, com a nova Residência, a avaliação para o Título de Especialista em Pediatria (TEP) da SBP também será desdobrada em três anos – uma prova em cada um. Se ao final a média for adequada, o residente também já recebe o Título. Se não for, continua podendo se submeter à prova do TEP.
O encontro contou com a presença da professora Sonia Bao, vice-reitoria da UnB (1ª em pé à esq.) – instituição que apoiou o evento. Os participantes debateram as ideias em grupos. Cada um ficou de levar a discussão para sua unidade, elaborando o programa que se ajusta à sua realidade. Dras. Sandra Grisi e Ana Cristina Zollner, da Coordenação de Residência e Estágio em Pediatria da SBP, foram incumbidas de redigir a versão básica sistematizada. Até o final de agosto, a SBP terá reunidas as propostas e entregará à CNRM, de maneira que já sejam contempladas nos editais dos concursos das 10 instituições ainda neste ano.
Participaram da reunião representantes da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba, Paraná), Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP/ Recife, Pernambuco), Hospital Joana de Gusmão (Florianópolis/SC), Universidade Federal de Santa Catarina (Hospital Universitário/UFSC), Hospital Albert Sabin (Fortaleza, Ceará), Hospital Federal dos Servidores do Estado (Rio de Janeiro) e UnB. Também presentes os diretores da SBP Vera Bezerra e Clóvis Constantino (Coordenação de Residência e Estágios em Pediatria), Danilo Blank (Graduação) e Eduardo Jorge da Fonseca Lima (Pós Graduação). Já está sendo analisada a melhor estratégia para a reprodução da reunião nas diferentes regiões do País, de maneira a facilitar a adaptação de todos os serviços ao novo currículo.
Dra. Sandra Grisi de pé, em sua apresentação. |
Dr. Jefferson Piva, da UFRGS (no destaque), na discussão em grupos. |
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