A principal forma de transmissão da escabiose – popularmente conhecida como sarna – é o contato direto por meio da pele entre as pessoas infestadas. Entre 15 e 20 minutos são suficientes para a transmissão da doença de uma pessoa para a outra. O alerta é do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que divulgou na última semana o documento científico “Infecções cutâneas parasitárias: aspectos clínicos e atualização terapêutica. Além da escabiose, a publicação também aborda outras infecções como a pediculose, a tungíase e a dermatite serpiginosa.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO.
“Menos frequentemente, ocorre a transmissão pelo contato indireto por meio de fômites, como roupas, toalhas e lençóis, porque os ácaros podem sobreviver fora da pele humana por alguns dias. Instituições como creches, orfanatos e asilos têm maior risco de contaminação, pelo contato íntimo e prolongado das pessoas”, observam os especialistas.
A escabiose é uma doença parasitária da pele. A sarna humana é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei variante hominis. É um parasita obrigatório humano que se localiza na epiderme. Os ácaros cavam túneis na pele e depositam suas fezes nestes caminhos. A doença ocorre em qualquer área geográfica, idade, raça ou grupo social. É um problema de saúde mundial e afeta mais de 300 milhões de indivíduos todos os anos, com prevalência alta em menores que dois anos de idade.
“As lesões de pele variam de acordo com a faixa etária, o que geralmente é um desafio para o diagnóstico. É de extrema importância que os médicos reconheçam as diferentes variedades clínicas da escabiose para um rápido diagnóstico e tratamento, reduzindo a contaminação dos contatos próximos, e minimizando o risco de complicações”, explicam os especialistas. O documento apresenta ainda os sintomas, o diagnóstico, os tipos de tratamentos e como deve ser feito o acompanhamento dos pacientes com escabiose.
PEDICULOSE – Conhecida como piolho, a pediculose do couro cabeludo é causada pelo Pediculus humanus, variedade capitis, mais frequente em crianças de três a 11 anos, principalmente no período escolar, mais comum nas meninas pelo hábito destas terem cabelos longos e contato mais próximo umas com as outras.
A transmissão ocorre pelo contato direto com pessoas, e são diagnosticados milhões de casos anualmente. Apesar do mito de estar associado a cabelos malcuidados, afeta todas as classes econômicas e preferencialmente hospedeiros saudáveis com cabelos limpos. Acredita-se que as populações de menor nível econômico apresentam maiores prevalências devido à dificuldade em adquirir e realizar adequadamente o tratamento.
De acordo com o documento, o tratamento deve levar em consideração que nenhum esquema se mostrou 100% eficaz nos estudos clínicos e que a resistência às medicações existentes está aumentando. É importante destacar que não existe um produto preventivo, não existe repelente e as fórmulas caseiras podem até funcionar, porém existe o risco de intoxicações e por este motivo não devem ser utilizadas.
“Mais importante que qualquer medicação é a remoção mecânica das lêndeas com pente bem fino e a remoção dos piolhos realizada com meticuloso cuidado. Os medicamentos não eliminam os ovos. Se as lêndeas não forem retiradas, darão origem a novos piolhos’, salientam os especialistas.
TUNGÍASE – Dermatose ectoparasitária, causada pela penetração da fêmea da Tunga penetrans na epiderme do hospedeiro. A pulga habita locais arenosos e secos, como chiqueiros e pocilgas, mais frequente nas zonas rurais. O homem e os suínos são seus principais hospedeiros.
A dermatose é autolimitada e dura 4 a 6 semanas. Nas áreas endêmicas, porém, a reinfestação constante é a regra, e os indivíduos afetados podem apresentar dezenas de parasitas em diferentes estágios de desenvolvimento. O tratamento consiste na extração da pulga com agulha estéril. Pode ainda ser utilizada eletrocirurgia e nitrogênio líquido. Além disso, em casos de infestações extensas, deverão ser ministrados medicamentos específicos.
LARVA MIGRANS CUTÂNEA – Também denominada de dermatite serpiginosa e helmintíase migrante ou ainda é popularmente conhecida como “bicho geográfico” ou “bicho de praia”. É uma doença helmíntica negligenciada e paradoxalmente subnotificada nos países de baixa e média renda. Acredita-se que seja uma das dermatoses mais comuns em países tropicais e subtropicais.
A contaminação do homem ocorre pelo contato da pele com o solo contaminado por larvas, habitualmente, ao andar descalço sobre terreno arenoso. Praias, principalmente aquelas onde há fezes de cães e gatos na areia, são locais propícios para conter larvas de helmintos.
“A larva progride sob a pele por trajetos sinuosos, pois não consegue alcançar as camadas mais profundas e desta forma não atingem a corrente sanguínea, mas pode ocorrer aumento de IgE sérica e eosinofilia. Com o tratamento específico há cura e remissão total sem lesão residual”, esclarecem os especialistas.
O Departamento Científico de Dermatologia da SBP é composto pelos drs.Vânia Oliveira de Carvalho (presidente); Ana Maria Mosca de Cerqueira; Ana Elisa Kiszewski Bau; Antônio Carlos Madeira de Arruda; Jandrei Rogério Markus; Marice Emanuela El Achkar Mello; e Matilde Campos Carrera. Colaborou a dra. Gina Bressan Schiavon.
Relatório Mundial sobre a Qualidade do Ar – IQAir 2024; Estado Gl...
24/04/2025 , 16:36PED CAST SBP: "Pressão alta em crianças e adolescentes"
22/04/2025 , 18:4218º Congresso Brasileiro de Pneumologia Pediátrica reúne mais de ...
22/04/2025 , 11:31Miopia na criança: conceito, fatores de risco, tratamento e compl...
22/04/2025 , 08:31SBP reforça alerta sobre perigo de desafios online envolvendo cri...
18/04/2025 , 12:3618º Pneumoped: Pediatras reforçam compromisso pelo enfrentamento ...
17/04/2025 , 16:12