Novo documento científico do Departamento de Dermatologia aborda os hemangiomas

O tratamento dos hemangiomas – lesões cutâneas vascula­res com componente proliferativo – é desafiador, pois requer o conhecimento do seu potencial evolutivo e o possível comprometimento simul­tâneo de estruturas profundas ou órgãos internos. Foi com base nessa constatação que o Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta semana o documento científico “Hemangioma: nova classificação e atualização terapêutica”, cujo objetivo é revisar a classificação atual dos hemangiomas, reconhe­cer as formas associadas ao acometimento de outros órgãos e os principais tratamentos dispo­níveis nos dias atuais.

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Segundo o documento, os hemangio­mas infantis (ou da infância, HI) são os tumores vasculares benignos mais comuns na faixa etá­ria pediátrica e ocorrem em aproximadamente 4% a 10% da população. O componente proliferativo é constituído por células endoteliais imaturas.

Os hemangiomas têm história típica de aparecimento nos primeiros dias ou semanas de vida com ou sem lesões pre­cursoras (áreas anêmicas ou telangiectásicas), com um período de crescimento rápido, estabili­zação e involução lenta. Já as malformações rece­bem o nome do componente predominante (ca­pilares, venosas, arteriais, linfáticas ou mistas).

A complicação mais frequente do HI é a ul­ceração, que ocorre em 15% a 25% dos hemangiomas. Fatores de risco para ulceração incluem os hemangiomas grandes, segmentares com componente superficial, periorificiais e lo­calizados em áreas intertriginosas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – O principal diagnóstico diferencial, segundo os especialistas, deve ser feito com as malformações vasculares (MV) e são divididas de acordo com o vaso predominante. As MV costumam estar presentes ao nascimen­to, não têm período de crescimento rápido, nem tendência à regressão espontânea e podem au­mentar lentamente com o tempo.

O diagnóstico diferencial também deve ser feito com outros tumores vasculares localmente agressivos ou de comportamento borderline. “Tumores vasculares malignos como o angiossarcoma e he­mangioendotelioma epitelioide entram no diag­nóstico diferencial, assim como outros tumores vasculares ainda não classificados como o he­mangioma verrucoso e a linfangioendotelioma­tose multifocal com trombocitopenia”, aponta o texto.

Além disso, outros diagnósticos diferenciais devem ser consi­derados, “como o fibrossarcoma congênito, derma­tofibrossarcoma, rabdomiossarcoma, miofibroma infantil, reticulohistiocitose, encefalocele, glioma nasal, lipoblastoma, neuroblastoma, leucemia cú­tis, linfoma linfoblástico”.

TRATAMENTO – Atualmente, o tratamento de escolha dos he­mangiomas é o propranolol por via oral. O reco­nhecimento por parte dos pediatras das lesões precursoras e o encaminhamento precoce (den­tro dos primeiros dois meses de vida) a um servi­ço de referência podem ser cruciais no resultado estético final da lesão. “Des­sa forma, quanto mais precoce se inicia o trata­mento, melhor será o resultado final”, alertam os pediatras.

O pediatra deve estar apto a reconhecer os HI com indicação de tratamento, para que este seja prontamente iniciado, antes da fase de cres­cimento rápido, o que possibilita um melhor prognóstico final.

Participaram da elaboração do documento os drs. Vânia Oliveira de Carvalho; Ana Maria Mosca de Cerqueira; Ana Elisa Kiszewski Bau; Antônio Carlos Madeira de Arruda; Jandrei Rogério Markus; Marice Emanuela El Achkar Mello; e Matilde Campos Carrera.