Novo documento da SBP orienta pediatras na identificação da obesidade infantil

Com o objetivo de orientar o pediatra no reconhecimento e diagnóstico precoce da obesidade causada por sedentarismo ou erro alimentar, o Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta semana o documento “Quando suspeitar que a obesidade ‘não é comum’: orientações para o pediatra”.

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Nas últimas décadas, a escalada mundial da obesidade impressiona: o número de indivíduos com excesso de peso (obesidade + sobrepeso) passou de 857 milhões em 1980 para 2,1 bilhão em 2013 e a projeção é que chegue a acometer 89% e 85% de homens e mulheres, respectivamente em 20303. Em 2016, a OMS estimava que 41 milhões de crianças menores de 5 anos e que mais de 34 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estavam com sobrepeso ou eram obesas.

Os últimos dados oficiais do estado nutricional de crianças e adolescentes brasileiros foram obtidos da pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério da Saúde em 20105. Ao se comparar os dados de 1974-75 com os de 2008-2009, na faixa etária de 10 a 19 anos, houve aumento de excesso de peso de 3,7% para 21,7% nos meninos e de 7,6% para 19% nas meninas.

Foram considerados obesos 5,9% dos meninos e 4% das meninas. Na faixa etária entre 5 e 9 anos, houve um salto ainda maior na década de setenta, 10,9% dos meninos e 8,6% das meninas tinham sobrepeso, esses números subiram para 34,8% e 32% respectivamente. Já o número de obesos aumentou em mais de 300% nesse grupo etário, indo de 4,1% para 16,6%.

TRATAMENTO – “Embora a maioria dos casos de obesidade seja causada por sedentarismo ou erro alimentar, existe um subgrupo causado por alterações em genes relacionados ao metabolismo ou causado por síndromes genéticas. Como esses pacientes apresentam outros problemas em adição ao excesso ponderal, requerendo tratamento específico, esse documento se torna imprescindível aos pediatras”, salienta o presidente do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP, dr. Crésio de Aragão Dantas Alves.

Segundo o especialista, é importante diferenciar a obesidade exógena de outras etiologias, já que a evolução, risco familiar e algumas vezes, o tratamento, podem ser diferenciados. “A história clínica e o exame físico direcionam quando se deve suspeitar que a obesidade não é exógena”, explica.

Dr. Crésio frisa que o pediatra deve estar atento e aprofundar a investigação da etiologia da obesidade diante dos seguintes sinais de alerta: obesidade iniciada no primeiro ano; obesidade grave antes dos 5 anos; déficit intelectual; dismorfismos ou malformações associadas; queda na velocidade de crescimento e/ou baixa estatura; e hiperfagia intensa.