“O futuro começa aqui!”. Congresso de Ensino e Pesquisa 2008

SBP Notícias 54  Fevereiro/ Maio de 2008 “O futuro começa aqui!” Divulgação do conhecimento, incentivo ao aumento da produção de artigos para publicação em periódicos e intercâmbio entre pesquisadores. Estes são os objetivos do Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente, que será realizado de 11 a 13 de …

“O futuro começa aqui!”

Divulgação do conhecimento, incentivo ao aumento da produção de artigos para publicação em periódicos e intercâmbio entre pesquisadores. Estes são os objetivos do Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente, que será realizado de 11 a 13 de setembro, no Rio de Janeiro. O evento é promovido pela SBP, Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro, Instituto Fernandes Figueira – Fiocruz e Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A comissão científica é presidida pelo dr. Clemax Sant´anna. Saiba mais, pelo www.sbp.com.br e leia, a seguir, entrevista com a dra. Maria Elisabeth Moreira, presidente do Congresso:

Como será o evento?

O congresso será uma ótima oportunidade para troca de experiências, para que os médicos enriqueçam suas pesquisas com as contribuições de colegas. É importante que as pessoas se conheçam, associem suas pesquisas, formem grupos de autores para trabalhos mais abrangentes. Para os alunos de iniciação científica, graduação e pós-graduação será oferecido o círculo metodológico, uma oportunidade de mostrar seus trabalhos para os pediatras mais experientes. O público alvo são profissionais de saúde, alunos de pós-graduação, bolsistas de aperfeiçoamento e de iniciação científica interessados ou que já trabalham em pesquisas. No dia 12, teremos a mesa-redonda “A formação do pediatra no Brasil: perspectivas e desafios frente às necessidades do SUS” e também a atividade paralela “Os desafios e as perspectivas das pós-graduaçõesstrictu sensu”. Nestes encontros, pretendemos estabelecer um momento de debate amplo em todos os níveis, da iniciação científica ao doutorado.

Os investimentos na área de pesquisa e ensino são satisfatórios?

Não são, por vários motivos. Nos últimos anos, o perfil de mortalidade infantil tem mudado substancialmente. As políticas públicas de saúde endereçadas ao tratamento precoce das pneumonias, da diarréia, e à prevenção das doenças infecciosas através da vacinação, contribuíram significativamente para a redução da mortalidade entre os dois meses e cinco anos de vida. Surgiram então novos desafios a serem enfrentados, que necessariamente necessitam da produção de novos conhecimentos. Para tanto, é necessário preparar pesquisadores e profissionais de saúde, capazes não somente de produzir conhecimento, mas de transformá-lo em prática. E investir em pesquisas na área da saúde da criança que contribuam para a formação de um adulto sadio.

E isto está sendo feito?

Existem mais trabalhos sobre paliativos do que para prevenção. Apesar de se saber que o estudo da saúde da criança pode proporcionar melhores condições de vida para o adulto pouco se tem investido ainda nesta área, no mundo inteiro, pois é um esforço que demanda mais tempo. Precisamos saber, por exemplo, se um medicamento poderá comprometer o crescimento, mas isso é muito caro. Infelizmente, os laboratórios acabam preferindo colocar na bula que “o medicamento não foi testado em crianças”. Na verdade, na pesquisa em saúde da criança e do adolescente estamos vivendo atualmente uma dramática escassez de recursos. Precisamos de mais fomento na área. O futuro começa aqui!

Há dados sobre esta escassez?

No Brasil, não se chegou a cumprir nem 50 % da agenda de prioridades em pesquisa em saúde da criança nos financiamentos do Departamento de Ciências e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit), Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais (Faps) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nos últimos cinco anos. A obesidade na infância, por exemplo, vem aumentando e em alguns locais já chega a cerca de 30%. Se não houver um investimento maciço em pesquisas para o entendimento deste e de outros problemas e em ações que possam reverter o quadro, esta geração de crianças será a primeira em dois séculos que terá uma expectativa de vida menor que a de seus pais.

Com que preocupação foi organizada a programação?

Os temas escolhidos para este congresso têm como objetivo discutir as ações necessárias para a melhoria da qualidade da pesquisa e do ensino produzidos na área da saúde da criança no Brasil e as estratégias para que os resultados possam transformar a assistência e influenciar a formação do profissional, buscando modelos com melhor relação custo/benefício. Neste sentido, as pesquisas contribuem imediatamente para a construção, a implementação e a adesão às boas práticas clínicas, melhorando os processos e os resultados e construindo evidências que possam indicar uma mudança de modelo na pediatria.

Serão apresentados cerca de 200 trabalhos, com temas paratodas as linhas de pesquisa

Poderia adiantar algo sobre as pesquisas que serão apresentadas?

Teremos em torno de 200 trabalhos, com temas em saúde perinatal, prematuridade e baixo peso ao nascer, crescimento e desenvolvimento, pesquisa clínica, sobre processos de trabalho, avaliação de serviços, áreas clínicas relacionadas a diversas especialidades, saúde mental, violência contra a criança, acolhimento, pesquisas qualitativas relacionadas à saúde da criança e ética em pesquisa com seres humanos. Enfim, teremos temas para todas as linhas de pesquisa.