Na quarta-feira (26), durante o 24º Congresso Brasileiro de Perinatologia – evento organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte (Sopern) – ocorreram simultaneamente oito cursos pré-congresso, com a participação de mais de 450 especialistas. As aulas foram ministradas pelos professores do Programa de Reanimação Neonatal da SBP (PRN), reconhecido mundialmente.
As capacitações abordaram as temáticas: “Assistência ventilatória em Neonatologia”; “Reanimação do prematuro na sala de parto”; “Transporte do recém-nascido de alto risco”; “Técnica e aplicação prática de CPAP (turmas A e B)”; “Aleitamento materno no prematuro internado na unidade”; “Teórico-prático de Manejo da icterícia neonatal”; “Infecções neonatais relacionadas à assistência”; e “Seguimento do recém-nascido do pré-termo”.
ABERTURA – Nesta quinta-feira (27), houve a abertura oficial do evento, com a presença do 2º vice-presidente da SBP, dr. Edson Ferreira Liberal. A programação científica começou às 8h e é composta por temas sobre nutrição e crescimento do cérebro prematuro; encefalopatia hipóxico-isquêmica; displasia broncopulmonar; medicina fetal; o papel do pediatra no nascimento seguro; nutrição do pré-termo; o uso racional de antibióticos na UTI Neonatal; a triagem neonatal no século XXI; boas práticas em neonatologia.
CONFIRA AQUI A PROGRAMAÇÃO NA ÍNTEGRA.
Sete renomados especialistas do exterior já confirmaram presença: drs Ana Santa e Guilherme Santanna, do Canadá; e drs Alan Flake, Jen Tien Wung, Pablo Sanchez, Ravi Patel e Willian Hay, dos Estados Unidos. Eles abordarão assuntos como a persistência do ducto arterioso, o tratamento da hérnia diafragmática congênita, citomegalovirus (CMV) e leite materno, distúrbios da glicose, crescimento intrauterino, entre outros.
COM RELAÇÃO AOS CURSOS PRÉ-CONGRESSO, CONFIRA, A SEGUIR, UM RESUMO DESSAS ATIVIDADES:
ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA EM NEONATALOGIA – coordenado pelos drs. Celso Moura Rebello e Renata Suman Mascaretti, durante o curso foram abordados os princípios fisiológicos da mecânica respiratória; e os modos ventilatórios, com ênfase para ventilação convencional e a volume; entre outros pontos. Cerca de 60 alunos participaram do treinamento.
Dividida em duas partes (teórica e prática), a formação é voltada aos médicos que atuam em UTI neonatal, fisioterapeutas e enfermeiros que trabalham nessas Unidades. “Esse curso já ocorre há alguns anos nos Congressos de Perinatologia e prepara os profissionais para atuação à beira do leito de UTI, com pacientes críticos, recém-nascidos de alto risco que necessitem de suporte ventilatório”, explica o dr. João Cesar Lyra (RS), um dos instrutores.
O especialista destaca ainda que o curso oferece também subsídios sobre a ventilação invasiva e não-invasiva, o que ajuda a prevenir lesões pulmonares crônicas no recém-nascido prematuro, com forte enfoque no suporte ventilatório sempre visando proteger o pulmão do RN. “Com isso, os participantes estarão preparados para lidar com esse tipo de situação no dia a dia”, complementa.
REANIMAÇÃO DO PREMATURO NA SALA DE PARTO – coordenado pelas dras. Gislayne de Nieto e Silvana Nader, esse curso preparou os participantes a reanimar o prematuro com idade gestacional inferior a 34 semanas em sala de parto, conforme as Diretrizes da SBP 2016. Só participou desse treinamento quem foi aprovado no Curso de Reanimação Neonatal da SBP, realizado na terça-feira (25), também durante o evento.
“Essa formação ajuda a mudar a mortalidade dos RN prematuros. No Brasil, ainda temos muitos que nascem antes do tempo adequado e são crianças mais suscetíveis a morbidades, mortalidade e/ou sequelas em longo prazo. Esse momento inicial do nascimento é crucial para a prevenção de problemas importantes”, explica a dra. Silvana Nader.
TRANSPORTE DO RECÉM-NASCIDO DE ALTO RISCO – DIRETRIZES SBP 2018 – coordenado pelos drs. Sergio Marba, Jamil Caldas, Manoel Reginaldo Rocha de Holanda e Paulo Nader, a atividade é voltada aos médicos, estudantes do quinto e sexto anos de medicina, além de enfermeiros. Na oportunidade, os 32 profissionais foram instruídos sobre como realizar o transporte intra e inter-hospitalar do recém-nascido de alto risco de modo eficiente e seguro.
“Nesse curso, os participantes desenvolvem todas as habilidades para fazer o transporte desse recém-nascido. Esse é um ensino por competência, ou seja, os alunos aprendem a fazer todos os procedimentos necessários para o transporte”, explica o dr. Paulo Nader. Para o dr. Sérgio Marba, esse curso é extremamente importante “uma vez que o transporte do recém-nascido de alto risco no Brasil ainda é feito de forma precária”, complementa.
TEÓRICO-PRÁTICO DE MANEJO DA ICTERÍCIA NEONATAL – Realizado pela primeira vez em um Congresso de Perinatologia, o curso é coordenado pelas dras. Maria Fernanda Branco de Almeida (SP), também coordenadora do PRN-SBP, e Danielle Cintra Bezzerra Brandão (PE). O público-alvo é composto por médicos e estudantes de medicina do 5º e 6º anos e também por enfermeiros.
Trinta e três médicos de diversas localidades do País participaram do treinamento. Para dra. Danielle, é extremamente importante fazer a educação médica continuada, ajudando os profissionais a como investigar as crianças com fatores de risco e como manejar e tratar a fim de evitar danos neurológicos nos bebês. “Precisamos pensar em como atuar à beira do leito. Esses profissionais treinados aqui, neste curso, ajudarão a evitar esses problemas desse tipo, o que pode ser considerado um marco histórico por ser a primeira vez que foi realizado em um Congresso de Perinatologia”, observa.
Dividido em duas aulas teóricas e duas aulas práticas, o curso aborda temas como epidemiologia, diagnóstico, seguimento e tratamento da hiperbilirrubinemia indireta neonatal. Nas aulas práticas, são usados equipamentos de fototerapia, radiômetros e manequins. “A hiperbilirrubinemia indireta é um grande problema na Neonatalogia, pois reinterna muito as crianças e aumenta o custo hospitalar. Além disso, tem o risco de kernicterus, que é um dano neurológico à criança e ocorre quando o nível da bilirrubina está muito elevado”, explica dra. Danielle.
Segundo a médica, no Brasil existem dados estatísticos mostrando que há vários óbitos relacionados a esse problema. “Além disso, há as crianças que ficam sequeladas. Ou seja: manejar bem esses pacientes é uma das formas de prevenção de desfechos desfavoráveis em relação a danos neurológicos e diminuir os custos da saúde pública”, explica a coordenadora.
Uma das participantes - dra. Carolina Ribeiro de Almeida Paiva, de Londrina (PR) - escolheu o curso por ser uma patologia muito prevalente dentro da UTI e nos alojamentos conjuntos, podendo ser considerado um tema de saúde pública mundial. “O curso é excelente e me proporcionou a troca de experiências com outros profissionais do Brasil e aprender um pouco da realidade de cada estado aqui representado”, enfatiza.
TÉCNICA E APLICAÇÃO PRÁTICA DE CPAP (TURMAS A E B) – Sob a coordenação dos drs. Jen Tien Wung (EUA) e Guilherme Mendes Sant’Anna (Canadá), essa formação mostrou aos 40 participantes a importância de se fazer o CPAP, suporte respiratório não invasivo, que pode ser feito em prematuros extremos.
“Esse procedimento funciona muito bem, evitando, assim, a lesão pulmonar, que é uma consequência da ventilação mecânica. Mostramos a experiência do maior Centro de Referência dos Estados Unidos, com o uso dessa técnica. Repassamos aos participantes como realizar esse método com sucesso e eficiência”, explica o dr. Guilherme.
INFECÇÕES NEONATAIS RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA – Sob a coordenação das dras. Ligia Maria Suppo de Souza Rugolo (SP) e Maria Regina Bentlin (SP), essa formação teve como público-alvo médicos neonatologistas ou pediatras que atuam em unidades de internação neonatal. Com enfoque predominantemente teórico-prático, foi dividida em uma aula teórica, duas discussões de casos e duas estações práticas.
O treinamento oferecer aos participantes aprofundamento na área e esclarecimento sobre aspectos da prática diária quanto ao diagnóstico, tratamento e prevenção das infecções relacionadas à assistência. Também buscou-se apresentar propostas visando a melhoria das práticas assistenciais neonatais.
“Abordamos os maiores desafios que temos, que são as infecções que surgem associadas aos próprios procedimentos utilizados para salvar as vidas. É um dilema e um desafio real na prática de todos nós. Nessa oportunidade, pudemos discutir os pontos evitáveis e o que pode ser feito para melhorar”, comenta a dra. Ligia Maria Suppo.
SEGUIMENTO DO RECÉM-NASCIDO DO PRÉ-TERMO – coordenado pelas dras. Lilian Sadeck (SP), diretora de Cursos e Eventos da SBP, e Rita de Cássia Silveira (RS), o curso teve como público-alvo médicos neonatologistas e pediatras que atuam em consultórios ou ambulatórios atendendo crianças que nasceram prematuras e que demandam puericultura diferenciada.
Por meio de aulas teóricas e estações práticas, os 50 participantes tiveram a oportunidade de conhecer mais em relação ao acompanhamento ambulatorial de recém-nascidos prematuros, especialmente os que nascem com idade gestacional abaixo de 34 semanas.
“O segmento do prematuro é uma responsabilidade do neonatologista, uma vez que ele atende esses bebês durante a internação na UTI Neonatal, com grande custo emocional e financeiro. Assim, quando este profissional dá alta ao bebê se torna responsável pelo seu acompanhamento para observar as patologias decorrentes da prematuridade e de outras particularidades, como fases do crescimento e desenvolvimento neurológico e das patologias mais frequentes que apresentarão nos primeiros anos de vida”, explica a dra. Lilian.
ALEITAMENTO MATERNO NO PREMATURO INTERNADO NA UNIDADE – sob a coordenação das dras. Maria Cândida Ferrarez Bouzada Viana (MG) e Devani Ferreira Pires (RN), foram abordados temas como epigenética do leite humano; boas práticas no pré-natal, parto, pós-parto; aleitamento materno e a instalação da microbiota; nutrição enteral precoce e colostroterapia; expressão do leite humano; necessidade nutricional do RN pré-termo além de questões importantes da transição sonda-mama.
“Esse curso foi surpreendente, pois mais de 90% dos participantes eram médicos neonatologistas e pediatras. Eles tiveram um momento de reflexão do aleitamento materno e sua importância para o RN pré-maturo. Estudos atuais mostram que a importância do leite materno e da conectividade cerebral que produz nos prematuros”, observa a dra. Maria Cândida Ferrarez.
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