Orientações sobre manejo da febre é tema de novo documento científico da SBP

Principal sintoma de, aproximadamente, 20% a 30% das consultas pediátricas, a febre é uma das queixas mais frequentes em atendimentos ambulatoriais e de emergência. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) disponibilizou aos associados o documento científico “Manejo da Febre Aguda”, que dá orientações sobre interpretação, avaliação e tratamento deste sintoma, a fim de otimizar o entendimento do quadro clínico dos pacientes. O documento foi elaborado pelos Departamentos Científicos de Pediatria Ambulatorial e de Infectologia da entidade.

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No Brasil, a febre é definida como temperatura axilar acima de 37,3ºC e quadro clínico característico com: extremidades frias; ausência de sudorese, sensação de frio e eventualmente tremores; taquicardia e taquipneia. Os especialistas destacam, no entanto, que é preciso cautela ao avaliar a temperatura corporal do paciente e analisar o contexto, como horário e circunstância. A publicação orienta ainda que o profissional observe a frequência cardíaca em batimentos por minuto (bpm), frequência respiratória, avalie o tempo de enchimento capital, se atentar para o grau de hidratação, além de analisar a atividade e responsividade do paciente aos estímulos.

Apesar dessas orientações direcionarem o conjunto de investigações e o manejo inicial da criança com febre, em muitos casos é impossível identificar o foco febril. Segundo o documento, essa situação é conhecida como febre sem sinais localizatórios (FSSL) e pode ser definida como “ocorrência de febre com menos de 7 dias de duração em uma criança em que a história clínica e o exame físico não revelaram a causa”. Para esses pacientes, os especialistas apresentam as recomendações baseadas no protocolo publicado no Tratado de Pediatria da SBP em 2017.

Para o tratamento do sintoma, os especialistas explicam que há os métodos físicos – com pouca vantagem em relação à terapêutica medicamentosa, além de aumentar o desconforto do paciente – e o uso de antitérmicos. No entanto, eles advertem que o uso dos fármacos deve ser feito quando a febre está associada a desconforto evidente (criança com choro intenso, irritabilidade, redução da atividade, redução do apetite e distúrbio do sono), e não basear o uso em um número predeterminado. É destacado ainda que os antitérmicos – paracetamol, ibuprofeno e dipirona – estão entre os fármacos mais utilizados em crianças febris, com ou sem prescrição médica.

Apesar de seguros e eficazes, esses medicamentos são frequentemente causa de intoxicações, seja por erro na administração de dose ou intervalo, ou por interação medicamentosa. Por esse motivo, o documento pontua que é necessário que seu uso seja criterioso, dentro da faixa terapêutica e de modo isolado. Na ânsia do controle da febre, muitas vezes pais e cuidadores erram dosagens e aumentam os riscos de intoxicações. Além disso, a publicação alerta que a febre é um sinal, não uma doença. Nesse sentido, é preciso calma para buscar a forma mais segura e eficaz de tratar as crianças e investigar a causa deste sintoma.