Orientações sobre prevenção e tratamento à acne juvenil compõem documento do DC de Adolescência da SBP

Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos adolescentes, o Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pe­diatria (SBP) divulgou na segunda-feira (12) uma atualização sobre o guia Acne Juvenil. O documento visa atualizar os pediatras para a intervenção adequada e acompanhamento desta dermatose tão frequente.

A acne é uma dermatose conhecida por to­dos os adolescentes que se queixam “dos cravos e das espinhas”. Dependendo da gravidade, esse problema pode provocar baixa autoestima, perda de au­toconfiança, isolamento social e mesmo depres­são. Por estas razões é importante um tratamento adequado e precoce, que re­duza a frequência e gravidade das exacerbações, bem como o número de cicatrizes, principalmen­te quando localizada na face.

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O pediatra é o profissional responsável pe­los cuidados na transição da infância para a ado­lescência e a vida adulta, e deve estar atento às queixas visíveis, bem como perceber outras não mencionadas claramente nas consultas. Assim, suas condutas objetivam minimizar tanto os agravos estéticos como os emocionais da popu­lação adolescente, pois as marcas geradas pela acne não ficam restritas à pele.

ADOLESCÊNCIA - “Ra­ramente é vista na infância (acne infantil), mas é extremamente comum na adolescência. A ação dos andrógenos maternos nas primeiras seis se­manas de vida é responsável pela acne neona­tal. A infantil é mais comum em meninos entre o terceiro e sexto mês de vida, pelas secreções precoces de andrógenos gonadais”, explicam os especialistas no documento.

A acne juvenil se inicia na puberdade com prevalência máxima até o estágio IV de Tanner, por secreção gonadal de testosterona, tornando­-se menos evidente no final da adolescência. A acne afeta 75-95% dos indivíduos, com idades compreendidas entre os 12 e 24 anos. Atual­mente tem sido observada a partir dos nove anos. Atinge ambos os sexos, sendo geralmen­te mais grave nos homens e mais persistente nas mulheres.

ANAMNSE – A investigação deve incluir o tempo de apa­recimento, a duração e localização das lesões (região centro-facial, tronco anterior e poste­rior); o uso de produtos cosméticos (hidratan­tes, maquiagem e de limpeza de pele), história e gravidade de acne em familiares; medicamentos (tópicos ou sistêmicos) e doenças prévias; tra­tamentos prévios (tópicos ou sistêmicos) e seus resultados. É importante avaliar o impacto psi­cossocial e indagar sobre escoriação neurótica, baixa autoestima e depressão.

O diagnóstico da acne é clínico e se estabe­lece pela presença das lesões localizadas princi­palmente na face, no dorso e no tórax anterior. O exame físico deve incluir a avaliação do tipo, nú­mero e localização dessas alterações, e seu grau de gravidade (Grau 1 - acne comedogênica, Grau 2 - inflamatória, Grau 3 - nódulo-cística/cicatri­zes, Grau 4 - conglobata, Grau 5 - acne fulminan­te. Importante ainda avaliar a sensibilidade da pele e a tendência para formação de cicatrizes.

“Geralmente, o diagnóstico de acne vulgar não é difícil e o quadro clínico é típico, com le­sões e sintomas locais característicos e ausência de manifestações sistêmicas. As lesões não inflamatórias (cravos) podem ser microcomedões, comedões fechados e comedões abertos. As le­sões inflamatórias (espinhas) podem ser pápu­las, pústulas, nódulos e cistos. As lesões cicatri­ciais podem ser atróficas ou queloides”, elucidam os especialistas.

ORIENTAÇÕES – Para o controle da acne, é importante investir na educação do adolescente, o exige envol­vimento e adesão ao tratamento. Assim, torna-se importante que o adolescente considere o médi­co como um aliado interessado na sua cura. Na primeira consulta, deve-se explicar ao adolescente e sua família sobre a fisiopatologia da acne, fatores de piora e de melhora, e os fun­damentos do tratamento, conforme elencados no documento.

Os produtos tópicos têm ação importante em todos os pacientes com acne e podem ser usados isoladamente nas formas leves a moderadas. Os mais frequentemente prescritos são sabonetes esfoliantes com enxofre ou ácido salicílico, géis com peróxido de benzoíla, ácido retinoico, ácido salicílico, nicotinamida e ácido azelaico, poden­do haver associação destes com antibióticos.

RECOMENDAÇÕES – A acne ocorre com maior frequência na ado­lescência e os pediatras que prestam atendi­mento para a maioria dos pacientes desta faixa etária precisam estar aptos a realizar a primeira avaliação médica do paciente com acne e indi­car a terapia efetiva para cada caso. A escolha do tratamento é guiada pela experiência e muitas diretrizes clínicas de tratamento estão disponí­veis, como as indicadas neste documento.

O pediatra deve abordar acne na consulta de adolescentes, mesmo que esta não seja a queixa, pois muitas pessoas acreditam que é uma carac­terística da adolescência e não necessita de tra­tamento. No entanto, os adolescentes irão apre­sentar maior adesão à medicação e orientações médicas ao constatarem que estão sendo aten­didos por um profissional atento, que se importa com a saúde integral de seu paciente.

Elaboraram o documento científico os drs. Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo; Evelyn Eisenstein; Beatriz Elizabeth Bagatin Veleda Bermudez; Elizabeth Cordeiro Fernandes; Halley Ferraro Oliveira; Lilian Day Hagel; Patrícia Regina Guimarães e Tamara Beres Lederer Goldberg. Colaboraram ainda os drs. Iolanda Maria Novadzki, Darci Vieira da Silva Bonetto, Susana Giraldi, Kerstin Taneguchi Abagge e Vânia Oliveira de Carvalho.