Apresentar os principais pontos de fragilidade em relação à segurança das crianças e retratar a importância dos programas de prevenção da mortalidade infantil. Esses foram alguns dos objetivos do 38º Congresso Brasileiro de Pediatria que para estimular o debate em torno desses temas organizou na sexta-feira (13) um debate sobre políticas públicas de segurança e o papel do pediatra.
Para o membro do Departamento Científico de Segurança, dr Danilo Blank, um dos palestrantes, os pediatras, independentemente do local de trabalho (UTI neonatal, UTI pediátrica, enfermaria, Unidade Básica de Saúde, entre outros), precisa agir contra todos os acidentes.
Na sua avaliação, essa postura deve permear todas as áreas de atuação, em todas as faixas etárias. “Os números de agravos por acidente não são desprezíveis, pelo contrário. Juntos, representam a terceira maior causa de óbitos. Tem que haver um cuidado redobrado, pois acidentes tendem a acontecer com crianças sadias, que, muitas vezes, são dependentes dos pais", afirmou.
O debate se dividiu em três momentos, abordando problemas a serem enfrentados pelos pediatras, como o "Impacto dos acidentes e da violência na saúde e suas políticas", tema abordado pelo dr Blank (RS). Na oportunidade, ele explicou as relações entre algumas causas e consequências relacionadas às chamadas "causas externas", como atropelamentos, colisões de veículos e quedas, que podem gerar problemas para a saúde das crianças e jovens.
Apesar de admitir que esse processo "foge das mãos dos pediatras", dr Blank ressaltou a responsabilidade política que esse médico tem em mãos, cabendo também ao profissional orientar seus pacientes sobre o risco de acidentes e a violência na infância e adolescência, o que pode ajudar a reduzir sua incidência. "O pediatra é a autoridade que entende das causas de mortalidade de crianças. Ele é capaz, sim, de influenciar positivamente na saúde e segurança de quem o procura", fortaleceu.
O palestrante ainda sublinhou a importância do pediatra e de seu papel frente às políticas públicas relacionadas à proteção dos pacientes. "Devemos conscientizar as famílias e comunidades em relação aos riscos e suas soluções, já que hoje em dia está cada vez mais difícil controlar esses acidentes. Também devemos abrir as portas de nossos consultórios e agirmos junto aos tomadores de decisão nos âmbitos governamental e humano", finalizou.
Outra exposição do dia foi feita pelo dr Marco Antônio Chaves Gama (MG), que tratou do tema "Prevenção de acidentes de trânsito". Ele apresentou estatísticas como os números de atropelamentos, que respondem por mais de 800 mortes de crianças e adolescentes por ano. Apenas ano passado, 12.288 foram hospitalizadas por conta desse problema.
"Diferente do que muitas pessoas acreditam, a mortalidade de crianças e adolescentes por acidentes de transito é muito mais alta do que se pensa. Há mais mortes no trânsito do que com doenças infecto parasitárias. O Brasil tem até uma quantidade razoável de leis sobre isso, mas é necessário fiscalizá-las e acima de tudo, cumpri-las", acrescentou doutor Gama, que em sua participação também destacou a importância dos dispositivos de retenção veicular como cadeirinhas e assentos de elevação, que se usados de forma correta, diminuem em até 71% a chance de óbito.
Finalmente, concluindo a mesa-redonda, dra Renata Dejtiar Waksman (SP) concentrou sua fala sobre o tema "Prevenção de acidentes: abordagem multidisciplinar na escola, na unidade de saúde e nos meios de comunicação". A pediatra explanou a respeito da formação dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e sobre os cuidados nas salas de aula.
Expôs ainda sobre os meios de prevenção e o preparo dos pediatras frente ao problema, bem como a participação da mídia nos casos que envolvem incidentes e más circunstâncias envolvendo as crianças. “A atuação e cooperação dos profissionais de saúde devem ser primordiais nesse quesito. Têm que realmente se envolver em todos os ambientes onde seus pacientes estão para que haja um trabalho de segurança efetivo", finalizou.
A pediatra Elizabeth Parente (RJ) esteve presente na plateia e destacou a relevância da discussão para seu dia a dia. Também docente, comemorou a realização, tanto da reunião como do Congresso. "É um debate de suma importância. Foi extremamente válido acompanhar esta reunião e agregar conhecimentos. Acidente na infância é algo muito delicado e precisamos valorizar cada discussão acerca desses conteúdos", disse.
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