Participantes do 1º Fórum Nordeste de Pediatria redigem carta com compromissos pela Primeira Infância


Uma carta com propostas voltadas para os cuidados na primeira infância foi preparada nesta quinta-feira (2), durante o 1º Fórum Nordeste de Pediatria. O evento, que levou como lema “a cidadania inicia na Primeira Infância”, foi realizado em paralelo ao I Congresso Integrado de Pediatria do Nordeste (Nordesteped), nas cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). A minuta do documento, apresentado aos congressistas, será enviada à diretoria-executiva da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para deliberação e, posteriormente, enviada ao Ministério da Saúde.

Para a discussão dos temas, os pediatras foram agrupados em cinco mesas. Este foi um diferencial do Fórum, uma vez que não foi realizado em uma sala de aula. Em cada uma delas estiveram entre seis e oito pediatras, debatendo os temas fundamentais na primeira infância, isto é, nos primeiros seis anos de idade, principalmente nos primeiros mil dias de vida.

Coordenado pelas dras. Anamaria Cavalcante e Silva, diretora de Integração Regional da SBP e presidente da Sociedade de Pediatria do Ceará (Socep), e dra. Marynea Silva do Vale, presidente da Sociedade de Pediatria e Puericultura do Maranhão (SPPMA), o Fórum visou compartilhar saberes e discussões recentes acerca da primeira infância.

OBJETIVOS – “Foram apresentados conhecimentos sobre a ciência do desenvolvimento da Primeira Infância, com ênfase no alcance de potencialidades, proteção do cérebro e nas conexões desse tempo de desenvolvimento com repercussões ao longo da vida e do próprio desenvolvimento humano”, explicou a dra. Marynea.

Para a dra. Anamaria, um desenvolvimento infantil satisfatório, principalmente nos primeiros anos de vida, contribui para a formação de um indivíduo com suas potencialidades alcançadas, com mais chances de se tornar um cidadão capaz de resolver adversidades, reduzindo-se, assim, as disparidades econômicas e sociais da sociedade.

“Esta é uma questão que precisa ser monitorada e avaliada e será preciso educar os pediatras e os professores de pediatria a educarem seus alunos para utilizar de forma plena as curvas de crescimento da Caderneta da Criança. Uma criança que não cresce é uma criança que pode vir a não ser um adulto saudável”, destacou.

EIXOS TEMÁTICOS – As propostas descritas na carta englobam temas ligados aos Departamentos Científicos da SBP e que geraram produções científicas. Os itens que compõem o documento tiveram como eixo norteador:

1 - Puericultura no último trimestre da gestação: o papel do pediatra junto à gestante e famílias para um bem nascer. Nesta mesa, foram descritos o quanto essa orientação à gestante pode fazer a diferença para a criança que irá nascer;

2 - Desenvolvimento Infantil. Trata-se de um tema que não faz parte somente da medicina, mas também da econômica, especialmente a partir das declarações do ganhador Prêmio Nobel de Economia, James Heckman, que destacou a importância de os países investirem na primeira infância;

3 - Crescimento infantil: é preciso crescer para desenvolver. Abordou a Caderneta de Saúde da Criança do Ministério da Saúde e as curvas de crescimento adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aspectos fundamentais e que não têm sido adotados por alguns pediatras para plotar o peso, a altura e a medida do perímetro cefálico das crianças;

4 - Aleitamento Materno e Alimentação complementar: qual o papel do pediatra. Discussão sobre uma prática que deve começar ainda na sala de parto;

5 - Vacinar desde o gestar para alcançar desenvolvimento em plenitude. Discussão sobre a necessidade de se ampliar os índices de cobertura vacinal, a fim de evitar o ressurgimento de doenças já erradicadas no País devido à globalização.