A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu um comunicado alertando sobre os potenciais riscos associados ao consumo de aspartame, um edulcorante artificial amplamente utilizado em substituição ao açúcar em diversos produtos, principalmente em bebidas dietéticas. A nota enfatiza a importância de uma dieta equilibrada e recomenda que crianças e adolescentes limitem a ingestão de refrigerantes e outros produtos que contenham adoçantes artificiais, promovendo hábitos alimentares mais saudáveis.
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“Sabemos que o aspartame está sob a análise da comunidade científica internacional e que os refrigerantes são repletos dessa substância e de várias outras, como sódio e conservantes. Por isso, a recomendação é para que a população pediátrica substitua, sempre que possível, as bebidas industrializadas e artificialmente adoçadas por opções naturais, como sucos e água de coco”, informa o dr. Carlos Augusto Mello da Silva, presidente do Departamento de Toxicologia e Saúde Ambiental da SBP.
Segundo o pediatra, os atuais dados sobre possíveis malefícios do aspartame são inconclusivos, uma vez que não há associação clara do seu uso, em quantidades razoáveis, com o desenvolvimento de câncer ou outras doenças. De todo modo, ainda é preciso avançar com as pesquisas para assim estabelecer com precisão o limite seguro de consumo. Aos pacientes com diabetes mellitus, que precisam utilizar adoçantes, ele orienta que busquem a supervisão médica antes de eliminar o aspartame de sua rotina alimentar, pois, de modo geral, o uso do aditivo ainda é considerado seguro.
NOVA CLASSIFICAÇÃO – Em junho de 2023, duas das mais importantes entidades relacionadas à saúde humana se reuniram para deliberar sobre o aspartame. A International Agency for Research on Cancer (IARC) elevou a classificação do aspartame para Grupo 2B, denominando-o assim como “possivelmente carcinogênico para humanos”. A decisão foi corroborada pela Joint Expert Committee on Food Additives (JECFA). Ambas as entidades entendem que a classificação deve estimular estudos mais robustos, onde o papel do aspartame será definitivamente esclarecido.
“A IARC e a JECFA foram acionadas em função do surgimento de alguns trabalhos científicos populacionais que evidenciaram um elo fraco, porém existente, de associação entre consumo de bebidas dietéticas (em sua maioria com aspartame) e alguns tipos de câncer, principalmente hepáticos. Algumas correlações, também fracas, foram estabelecidas em relação ao diabetes tipo 2, câncer de mama e certos tipos de câncer hematológico, como linfoma não-Hodgkin e mieloma”, explica a nota de alerta da SBP.
No entanto, conforme esclarece o texto da SBP, fatores como estilo de vida, obesidade e consumo de outros componentes alimentares também são relevantes para o surgimento do câncer e nenhum deles pode ser devidamente analisado nos atuais estudos. Além disso, não foram demonstradas associações consistentes entre o consumo de aspartame e algum tipo específico de câncer. Desse modo, por hora, é preciso ficar atento à quantidade de uso da substância e acompanhar as novas evidências que futuros trabalhos científicos possam trazer.
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