A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), através do seu Departamento Científico de Gastroenterologia, acaba de publicar o manual “Ingestão de Corpos Estranhos”. Apesar de evitável, esse tipo de acidente continua sendo importante indicação de atendimento em prontos atendimentos de Pediatria e de preocupação para familiares e pediatras. Os especialistas explicam que qualquer objeto é um corpo estranho em potencial, uma vez que são facilmente levados à boca, principalmente em crianças abaixo de cinco anos.
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Segundo o documento, estudos demonstram discreta preponderância do sexo masculino nesse tipo de caso e que os principais corpos estranhos ingeridos são moedas, seguidos por baterias, objetos perfurocortantes e ímãs.De acordo com o manual, as complicações graves mais recorrentes, que podem ocorrer caso o objeto não seja retirado em até duas horas, são: esofagites cáusticas, estenoses e perfurações esofágicas, mediastinites, fístulas traque esofágicas, fístulas para grandes vasos e óbito.
Estima-se, ainda, que em torno de 70% e 80% dos corpos estranhos passam pelo trato digestório e são eliminados espontaneamente. Entretanto, aproximadamente 20% dos casos necessitam de retirada endoscópica e menos de 1% requer cirurgia. No entanto, vale salientar que, como grande parte das ingestões não são presenciadas e são assintomáticas, muitos casos não são diagnosticados.
Em relação aos casos nos quais a ingestão foi vista ou suspeita, de acordo com o documento, a conduta vai depender do tipo de corpo estranho, do tamanho, da localização e/ou da presença de sintomas. O manual orienta que, diante de um quadro suspeito, a investigação diagnóstica deve se basear na história clínica detalhada, no exame físico adequado e na complementação diagnóstica com exames de imagem.
Já o tratamento cirúrgico é indicado apenas em casos específicos, nos quais o corpo estranho apresente risco muito significativo e não seja possível a retirada via endoscópica ou nos casos de complicações.
O documento destaca os principais pontos referentes à abordagem diagnóstica; à abordagem terapêutica; e ao manejo de acordo com o tipo de corpo estranho ingerido. Como muitos casos não são presenciados e os sintomas são inespecíficos, os especialistas ressaltam que é essencial um alto índice de suspeição diagnóstica pelos pediatras, evitando, assim, complicações decorrentes de um tratamento tardio.
Além disso, o manual enfatiza a importância da prevenção e da conscientização das famílias e da população em geral sobre os potenciais riscos relacionados à ingestão de corpos estranhos, que podem levar a complicações tanto a curto quanto a longo prazo.
O Departamento Científico de Gastroenterologia é composto pelos seguintes especialistas: dra. Cristina Helena Targa Ferreira; dra. Marise Helena Cardoso Tófoli; dra. Elisa de Carvalho; dra. Maria do Carmo Barros de Melo; dr. Mauro Batista de Morais; dr. Roberto Paranhos Fragoso; dra. Rose Terezinha Marcelino; e dr. Silvio da Rocha Carvalho. A publicação contou, ainda, com colaboração da dra. Ana Aurélia Rocha da Silva, como autora convidada.
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