Pediatras alertam sobre perigos da fumaça de incêndios para a saúde das crianças

A fumaça resultante de incêndios florestais não é apenas um incômodo visual e olfativo; ela carrega consigo sérias ameaças à saúde, especialmente para crianças e adolescentes. Diante da crescente preocupação com os impactos desses poluentes no bem-estar dos jovens, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu uma nota de alerta intitulada “Incêndios florestais e a saúde”. O documento destaca os perigos do material particulado (MP) - uma mistura de poluentes e outras substâncias que permanecem no ar devido ao seu tamanho reduzido - e seus potenciais efeitos agudos e crônicos no corpo humano.

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Em episódios de exposição breve, como durante um grande incêndio, as partículas de MP podem alcançar os pulmões e os alvéolos mais profundos, e em determinadas situações, penetrar na corrente sanguínea. Os grupos mais vulneráveis incluem idosos, pessoas com condições de saúde preexistentes, e, em especial, mulheres grávidas e crianças.

Por isso, é fundamental monitorar os relatórios públicos sobre a qualidade do ar. A fumaça pode se deslocar por centenas de quilômetros a partir do ponto de origem do incêndio, e seus efeitos na saúde podem variar conforme a composição química da mesma. Após incêndios, é comum observar surtos de doenças cardiorrespiratórias, incluindo a asma, que é a enfermidade pulmonar crônica mais prevalente na infância.

Adicionalmente, as crianças podem manifestar sintomas de estresse, ansiedade e outros indicativos de problemas psicológicos devido a traumas associados ao incêndio. Pesadelos, comportamentos regressivos, queixas físicas, mudanças nos padrões de alimentação e sono, e episódios de irritabilidade são frequentes. Nesses casos, é importante ajudar as crianças a lidarem com a experiência, sobretudo com apoio especializado.

O MP presente na fumaça dos incêndios florestais também pode comprometer a saúde das gestantes, levando à: disfunção endotelial, desregulação endócrina, disfunção imunológica, inflamação sistêmica e estresse oxidativo. Conforme apontado pela nota da SBP, essas alterações podem comprometer o fluxo sanguíneo materno-placentário-fetal e a troca de nutrientes e oxigênio, resultando em baixo peso ao nascer e elevando o risco de partos prematuros.

PROTEÇÃO – Entre as orientações gerais para resguardar a saúde respiratória em situações de incêndio, a SBP indica:

·       Fique dentro de casa e mantenha as portas e janelas fechadas. Caso não seja possível, procure abrigo em outro lugar;

·       Não aumente a poluição do ar interior. Não acenda velas, nem use fogões a gás, a lenha, lareiras ou sprays aerossóis. Não fume produtos de tabaco e não aspire. Todas estas atividades podem aumentar a poluição do ar interior;

·       Prepare uma “sala limpa” em sua casa. Escolha um cômodo que tenha o mínimo de janelas e portas possível, como um quarto;

·       Se você precisar ficar ao ar livre quando houver fumaça, use máscara N95, ajustada perfeitamente ao seu rosto para proteger-se de modo efetivo. Não use lenços para se proteger da fumaça;

·       Evite atividades extenuantes, como correr ou cortar grama, na presença de fumaça;

·       Siga as instruções do seu médico sobre o que fazer se você tiver doença cardíaca ou pulmonar;

O documento da SBP traz ainda recomendações sobre como se proteger, após um incêndio florestal, durante a limpeza das cinzas, que também são prejudiciais à saúde, podendo causar crises de asma e dificuldade de respirar. Afastar as crianças nesse momento, bem como usar luvas, roupas compridas e máscara são algumas das dicas.