Pediatras alertam sobre risco da “Roleta Humana ou Quebra-Crânio”, atos violentos praticados por crianças e adolescentes

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente, divulgou nesta quinta-feira (20) um alerta sobre o grande risco na propagação de atos violentos entre crianças e adolescentes, divulgados especialmente pelos meios digitais e diretamente de um para o outro, intitulado de “Roleta Humana” ou “Quebra Crânio”.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO ALERTA.

No documento, os especialistas esclarecem, orientam e solicitam ações urgentes de pais, educadores, crianças e adolescentes bem como da população em geral para esse tipo de violência entre pares.

“Na apresentação dessa violência aos jovens, Roleta Humana, criou-se uma falsa ideia de brincadeira, para que outras crianças e adolescentes imprudentes, inconsequentes ou mesmo já violentos coloquem em prática uma agressão perigosíssima que pode levar a sequelas graves e até mesmo à morte as suas vítimas”, diz trecho do alerta.

ADVERTÊNCIA - Os especialistas do DC de Segurança advertem que esse tipo de violência não pode ser aceito como uma brincadeira a fim de tentar minimizar a gravidade da agressão nele contida e encobrir a consequente responsabilidade civil e criminal de levar um outro a um dano psíquico e físico, utilizando-se da sua confiança e vínculo.

O que se tem chamado de “Roleta Humana”, ou, como o próprio nome identifica – “Quebra Crânio, Racha Crânio” - é um ato de violência muito grave, onde a vítima é imobilizada, não sabe o que vai acontecer com ela, e tem como objetivo uma queda para trás, sem proteção. 

“A consequência inicial é o encontro violento do corpo ao chão, quando a cabeça e pescoço sofrerão o maior impacto, levando a um traumatismo cranioencefálico (TCE) em níveis progressivos de gravidade, e, à grande chance de traumatismo de vértebras, especialmente cervicais (do pescoço) e medula”, ressaltam os especialistas.

O alerta destaca ainda que o impacto da cabeça com o chão pode desencadear edemas, hematomas externos, fraturas ósseas e sangramentos internos de pequena a grande intensidade, levando a lesões irreversíveis no cérebro (encéfalo). 

Segundo os especialistas, “a vítima pode apresentar sintomas imediatos, como dor local, confusão mental, perda de equilíbrio, desmaios, crises convulsivas, estado de coma e morte. A partir do trauma, esses sintomas poderão aparecer também vários meses depois, como sequelas das lesões provocadas”.

De acordo com o DC de Segurança da SBP, as lesões da coluna vertebral podem desencadear danos na medula espinal, até a sua ruptura completa, com sequelas definitivas de paralisias a partir da altura da lesão, como a tetraplegia (paralisia de membros superiores, inferiores e tronco). “São pessoas que não vão mais poder se movimentar, nem terão controle de seus esfíncteres, e, terão grande chance de morte, ao início de suas vidas”, destacam os pediatras.

CRIME – O documento da SBP salienta que esse ato de violência, que inclui o uso do laço de confiança com a vítima, uma premeditação, a intenção do dano e a possibilidade de causar lesões psíquicas e corporais imediatas e a médio e longo prazo, caracteriza crime de lesões corporais graves ou homicídio, caso seja seguido de morte. A SBP frisa que “se os agressores forem crianças e adolescentes, seus responsáveis também terão de responder na Justiça”. 

O DC de Segurança da SBP solicita que, de forma urgente, todos os envolvidos com a infância e adolescência, sejam pais, responsáveis, profissionais da saúde e educação, sociedade em geral e as próprias crianças e adolescentes estejam engajados e impeçam que essas violências aconteçam.