Para alertar sobre os problemas de saúde e as repercussões que acontecem nas fases do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes devido ao uso precoce, excessivo e prolongado das telas, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) por meio do Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital, acaba de publicar mais um documento sobre o tema. No texto, especialistas abordam especificamente o i-doser, uma plataforma digital que se tornou popular entre os jovens e que utiliza sons de batidas eletrônicas e zumbidos de alta frequência, além de estímulos visuais, para “supostamente obter efeitos semelhantes ao uso de entorpecentes” – segundo afirmam os usuários – e que “podem causar alucinações”, embora ainda não haja comprovação científica. Esses ruídos emitidos via ondas binaurais por fones de ouvido são considerados um tipo de “droga digital”. Além de gerar dependência psicológica, podem causar danos auditivos importantes, inclusive a surdez. É considerado, pelos especialistas, um desafio perigoso.
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O texto aponta que a estimulação externa exagerada e contínua de ruídos pode provocar alterações na neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de crescer, desenvolver e alterar sua estrutura, podendo afetar as conexões necessárias para o desenvolvimento cerebral e mental saudável. “Quando o som se torna um ruído alto, estridente, agudo e constante, como sirenes ou o som de explosivos, as pessoas estão sujeitas a desenvolver desde um simples estado de neurotização passageira até lesões irreversíveis no aparelho auditivo, com marcadas consequências, principalmente em crianças e adolescentes, que são sempre mais vulneráveis”, destaca.
Os especialistas chamam a atenção também para o uso contínuo e prolongado de fones de ouvido de alta potência. Isso porque a exposição frequente e duradoura de música amplificada em alta frequência é capaz de acarretar perdas auditivas. De acordo com o texto, a perda auditiva progressiva que pode chegar à surdez, é uma condição irreversível, já que compromete as células ciliadas do ouvido interno, que não se regeneram. “O nível confortável de ruídos para adultos é de 80 dB. Para crianças e adolescentes o nível seguro é de no máximo 70 dB. Ruídos acima de 80 dB são considerados nocividade auditiva, enquanto o limiar da dor auditiva é estimado em torno de 120 a 140 dB”.
SINTOMAS E CONDUTAS – Dificuldades para perceber sons agudos; presença de zumbidos; transtornos de comunicação, gerando isolamento social, dificuldade de interação em nível familiar, no lazer, na escola, na vida social; alterações no sono ou mesmo alucinações auditivas em pessoas mais sensíveis são alguns exemplos de sintomas auditivos e não auditivos que podem ocorrer e devem ser observados.
Logo, evitar o ruído intenso e assegurar o uso de fones de ouvido compatível com o ouvido humano, além de limitar o tempo de uso, bem como adequar o volume de som em aparelhos e equipamentos como computador, notebook, telefones celulares ou televisões ou em ambientes abertos ou fechados com outros ruídos associados são algumas formas de promover a reabilitação auditiva.
Por fim, o texto enfatiza a importância da Informação em saúde e proteção social, que devem ser constantes sobre o mundo digital, incluindo regras de segurança e privacidade, além das configurações de bloqueio de vídeos ou mensagens inapropriadas, a ser ensinadas nas escolas e nas famílias.
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