Pediatras alertam sobre riscos da anemia ferropriva no desenvolvimento das crianças

Danos nas habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capacidades psicoemocionais e motores. Esses são alguns dos possíveis impactos que a anemia ferropriva pode causar no neurodesenvolvimento infantil. No Brasil, aproximadamente, 33% de crianças saudáveis e menores de sete anos apresentam prevalência dessa condição clínica. Os dados constam no “Consenso sobre anemia ferropriva: Atualização - Destaques 2021”, lançado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com o Departamento de Nutrição Infantil da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) e Instituto PENSI.

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Desenvolvido pelos Departamentos Científicos de Nutrologia e Hematologia da SBP, o estudo apresenta atualizações sobre os fatores de risco, diagnóstico e prevenção da anemia desde o período pré-natal. Os especialistas reforçam ainda a urgência da elaboração de medidas para tratamento e prevenção da deficiência de ferro.

FATORES DE RISCO - A presença de fatores de risco é um dos responsáveis pelas taxas da doença em crianças e adolescentes e, por isso, é importante reconhecê-los. A baixa reserva materna, o aumento na demanda metabólica, a diminuição no fornecimento, a perda sanguínea e má absorção de ferro são um dos sinais de alerta para a anemia ferropriva. De acordo com o consenso, é fundamental realizar a investigação laboratorial da deficiência de ferro aos 12 meses de vida, com ou sem anemia.

Para auxiliar na prevenção da doença, o documento aponta que a suplementação medicamentosa profilática é o método indicado. Em lactentes com aleitamento materno exclusivo e sem fatores de risco, é recomendado a suplementação a partir dos 180 dias de vida até os dois anos. Já nos pacientes com fatores de risco, a suplementação deve ser iniciada aos 90 dias de vida, independentemente do tipo de alimentação. O estudo apresenta também as recomendações para pacientes prematuros, de acordo com o peso e quadro clínico dos bebês.

Outra importante ação para prevenir a deficiência de ferro é o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e prolongada até os dois anos. Segundo o documento, a amamentação deve estar associada com a alimentação adequada da mãe durante a lactação e pelo lactente. Na introdução de alimentos complementares, é importante privilegiar aqueles que sejam fontes de ferro, aumentam a biodisponibilidade e a que auxiliam a absorção do ferro.

Por fim, os especialistas destacam que, apesar dos desafios, a contribuição do pediatra pode ser fundamental para o controle e prevenção da doença. Além disso, a elaboração e implementação de políticas públicas é necessária para que as crianças e adolescentes não sofram com a deficiência de ferro.