Pediatras apresentam riscos do uso de anabolizantes por adolescentes

 Para que os pediatras tenham melhor entendimento sobre o uso de anabolizantes, o Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou o documento “Uso de esteroides anabolizantes androgênicos por adolescentes: Uma realidade”. A publicação visa não só esclarecer o tema, como também alertar sobre as motivações do abuso desses medicamentos, de forma a esclarecer os pediatras como orientar pais e pacientes a respeito dos riscos de utilizar essas substâncias.

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Os efeitos anabólicos dos hormônios de testosterona foram descobertos pelos atletas em 1950, e rapidamente se popularizaram entre os adeptos do atletismo de elite e fisiculturismo. Nos anos 80, o uso generalizado de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) ganhou destaque não só no meio esportivo, mas chegou à população no geral. Motivados pelo ganho de massa muscular e força, homens jovens e de meia idade começaram a ingerir os medicamentos para fins estéticos, em detrimento do bem-estar.

EFEITOS ADVERSOS – O documento destaca que esses medicamentos podem comprometer vários órgãos e sistemas, devido às suas propriedades androgênicas e tóxicas. Entre as consequências do consumo de EAA, incluem: impactos no sistema reprodutor (masculino e feminino); efeitos dermatológicos como acne, alopecia, seborreia, cistos sebáceos e estrias; aumento do risco de litíase, necrose tubular e proteinúria; e aumento da hematopoese e hiperagregação plaquetária que podem levar ao tromboembolismo.

Além disso, seu uso vem sendo associado a diversos efeitos cardiovasculares adversos como: incluindo dislipidemia, hipertensão, aumento da aterosclerose, hipertrofia ventricular esquerda, remodelação e cicatrização cardíaca anormal, arritmia, infarto agudo do miocárdio, trombose e morte súbita.

Os impactos neuropsiquiátricos dos anabolizantes também foram observados através de distúrbios do humor, agressividade, crises de mania, euforia, comportamentos antissociais, delírio, surtos esquizofrênicos, depressão, entre outros.

PREVENÇÃO - “Precisamos entender as motivações de uso dessas substâncias para prevenir que crianças e adolescentes iniciem esse hábito. Com o passar dos anos, vemos que cada vez mais jovens ficaram vulneráveis ao uso de anabolizantes por consequência da pressão estética, a necessidade de ser aceito em certos grupos sociais e o ideal de masculinidade cultuado socialmente”, explica o presidente do DC de Endocrinologia, dr. Crésio de Aragão Dantas Alves.

Segundo o especialista, os pediatras devem se atentar para essa questão para orientar os pacientes e seus familiares. Os esforços preventivos e de redução de danos são fundamentais e o consultório pediátrico pode ser um importante ambiente educacional para essas pessoas. “Ter o conhecimento sobre essas substâncias permitirá que o pediatra consiga destacar a importância de uma nutrição sadia e um programa de treinamento de força adequado”, destaca.