Pediatras defendem aleitamento materno como alimento prioritário

Aleitamento Materno, um dos temas mais aguardados pelos médicos pediatras que se preparam para participar do 39º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP), abriu os trabalhos preliminares do encontro que reúne cerca de sete mil pediatras em Porto Alegre. Ao presidir a abertura do 2º Simpósio de Aleitamento Materno, parte da programação científica, a médica dra. Elsa Giugliani destacou que, cada vez mais, as famílias esperam do pediatra uma atuação positiva e competente tanto com a promoção do aleitamento, quanto com o manejo de possíveis dificuldades. “E para corresponder às expectativas dessas famílias, o profissional precisa ter habilidades e conhecimento atualizado sobre o tema, justamente, o que buscamos ao preparar a programação deste encontro”.

O auditório principal do Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre (RS), recebeu um atento grupo de pediatras, nutricionistas e outros profissionais que atuam com mães e bebês, dispostos a ouvir o que existe de mais atual quando o tema é o principal alimento da primeira infância. Para o presidente do departamento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria, (SBP), dr. Luciano Santiago, o simpósio se destaca pelo programa inovador. O especialista aproveitou a oportunidade para conclamar os colegas aos empoderamento sobre o tema aleitamento materno.

HOMENAGEM – Homenageado com uma placa de reconhecimento oferecida pela SBP e convidado a ser presidente de honra do Simpósio, o engenheiro de alimentos e doutor em Saúde da Mulher e da Criança, dr. João Aprígio Guerra de Almeida, agradeceu o reconhecimento dos pediatras. “Mesmo eu não sendo um pediatra, me sinto parte da família”, disse o engenheiro que dedica uma trajetória profissional à saúde da criança no que tange à promoção, proteção e apoio ao aleitamento e em relação aos bancos de leite humano.

Aprígio iniciou pesquisas com leite de vaca, tendo mudado a trajetória em 1983, quando foi oi convidado por um médico do FunRural a estudar o leite humano. “Naquela época, em que a internet era escassa, ter acesso à informação era bem complicado. Foi então que fui conhecer o banco de leite humano do IFF, mudei meu estudo para este tema e fiz minha tese de mestrado sobre a reestruturação do banco de leite humano do Instituto”, relatou.

Contando um pouco da história inicial, o homenageado destacou: “Por trás do leite humano, vi que eu não estava ainda preparado para lidar com a mulher. Eu entendia a criança como sendo a principal protagonista dessa cena, quando, na verdade, o protagonista é a mulher e a criança o beneficiário. E percebi que banco de leite deveria ser uma casa de apoio à mulher”.

UM NOVO OLHAR – Com a certeza de que o leite materno é único e inigualável, a dra. Elsa Giugliani apresentou aos participantes do seminário o projeto “Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos”. Resultado de um profundo estudo iniciado em 2015, o Guia será lançado em novembro, no Rio de Janeiro (RJ), durante o XV Encontro Nacional de Aleitamento Materno. Foram 17 etapas que envolveram diversos segmentos da sociedade civil, inclusive com uma consulta pública que contou com milhares de contribuições, todas analisada individualmente.

A iniciativa Hospital Amigo da Criança também foi o tema da palestra proferida pela dra. Vilneide Maria Santos Braga Diegues Serva. Segundo ela, os gestores precisam ser trabalhados para perceberem que ser hospital amigo da criança é importante do ponto de vista econômico, pois traz incremento à gestão, como também para a melhoria da saúde da mulher e da criança. De acordo com a pediatra, o primeiro hospital a ser considerado amigo da criança no Brasil foi o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em 1992, situado no Recife (PE).