Pediatras do Brasil criticam ação do governo americano contra o aleitamento materno


Os pediatras brasileiros, por meio de sua Sociedade (SBP), divulgaram nesta terça-feira (10) nota pública na qual lamentam posição do Governo dos Estados Unidos que adotou postura contra políticas favoráveis ao aleitamento em reunião realizada na Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, na Suíça. A pressão dos representantes norte-americanos aconteceu durante discussão de resolução que tratava sobre o tema.

Preocupada com a repercussão negativa da posição do Governo dos Estados Unidos em nível local, a SBP, em sua nota pública, não só crítica os acontecimentos em Genebra, mas cobra das autoridades brasileiras que expressem seu compromisso com o tema.

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Dentre as ações defendidas pela SBP e que podem ser implementadas pelo Governo brasileiro estão: promoção de campanhas informativas sobre seus benefícios; criação de uma rede de apoio às mulheres que amamentam em locais de trabalho e de estudo; e ampliação dos períodos de licença-maternidade para 180 dias para trabalhadoras nos setores público e privado.

MARKETING - A polêmica surgiu quando ao discutir os termos de nova resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto, os representantes dos Estados Unidos tentaram impedir a inserção de um trecho que recomendava aos governos que limitassem o marketing impreciso ou enganoso de métodos substitutivos da amamentação. Também tentaram excluir a recomendação pedia às autoridades nacionais para “proteger, promover e apoiar a amamentação".

Apesar de não terem alcançado êxito, para coibir a aprovação de propostas contrárias aos interesses da indústria de fórmulas e alimentos infantis, os representantes dos Estados Unidos teriam chegado a ameaçar outros países com retaliações econômicas e políticas. “O posicionamento dos Estados Unidos desconsidera quatro décadas de estudos científicos que comprovam a importância do aleitamento na prevenção de doenças e na redução da mortalidade infantil, entre outros pontos”, reitera a SBP em seu documento.

Historicamente, a SBP tem se engajado nas ações de defesa do aleitamento materno no Brasil e no mundo. Por meio de seu Departamento Científico que trata do tema e da capacitação dos 40 mil pediatras brasileiros, a entidade tem procurado estimular a população a apoiar essa prática saudável.

PREVENÇÃO - Estimativas recentes sugerem que a amamentação, se fosse ampliada para níveis universais, poderia prevenir cerca de 12% das mortes de crianças menores de cinco anos de idade a cada ano, ou cerca de 820 mil mortes em países de média e baixa renda. Além disso, o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade tem sido um importante agente de prevenção de doenças e de promoção do desenvolvimento saudável das novas gerações.

Além da população infantil, os estudos apontam vantagens também para as mulheres que amamentam. “Os pediatras esperam que o Brasil, às vésperas do Agosto Dourado, mês consagrado pelo Estado Brasileiro à promoção do aleitamento, não siga o mau exemplo dos Estados Unidos. Pelo contrário, é hora das nossas autoridades demonstrarem que o País está comprometido com a saúde de todos e com a modernidade”, ressaltou a presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva.

REPERCUSSÃO:

Agência Brasil - Pediatras brasileiros criticam investida dos EUA contra amamentação