Pediatras entregam a milhares de candidatos às Eleições Gerais 2018 sua Agenda em defesa da criança e do adolescente

Um total de 19.625 ofícios foram encaminhados por e-mail nas últimas semanas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para os candidatos à cargos em disputa no pleito que acontecerá em primeiro turno no próximo domingo (7). Essa ação, realizada a pedido da atual gestão, permitiu que todos os políticos recebessem antes do primeiro turno a Agenda em Defesa da Criança e do Adolescente, elaborada pela entidade, que reúne uma série de propostas para o enfrentamento dos principais desafios da assistência à população pediátrica nas redes pública e privada de saúde.

CONFIRA AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO ENVIADO AOS PRESIDENCIÁVEIS

Entre aqueles que receberam o ofício da SBP, constam os candidatos à Presidência da República: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Dalciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meireles (PMDB), Jair Bolsonaro (PSL), João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL), José Maria Eymael (DC), Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Vera Lúcia (PSTU).

Além deles, receberam o posicionamento consolidado pela SBP um total de 173 candidatos a Governos dos 26 estados e do Distrito Federal, 755 políticos que disputam uma cadeira no Senado Federal (incluindo 1ª e 2º suplentes), 6.121 postulantes ao cargo de deputado federal e 12.562 que se apresentaram para a eleição de deputado estadual ou distrital.

“Foi um dos projetos mais ousados executados pela SBP. Encontramos dificuldade em ter acesso aos candidatos, mas, com a ajuda da nossa equipe de colaboradores, foi possível superar nossa meta. O envio da pauta de prioridades definida pelos pediatras está, formalmente, nas mãos de todos os que se apresentaram para a disputa nestas eleições. Com isso, têm ciência das recomendações de quem cuida da saúde das crianças e dos adolescentes”, ressaltou a presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva.

COMPROMISSO - De acordo com ela, a determinação foi levar a mensagem dos pediatras a todos os políticos, independentemente de partidos e posicionamentos ideológicos. “Nosso compromisso é com os interesses de nossos pacientes e seus familiares, bem como com a defesa das condições adequadas para um bom atendimento e para o exercício ético da medicina. Queremos também chamar a atenção dos políticos para a necessidade de reconhecer e valorizar o papel dos pediatras na assistência”, destacou.

Como retorno ao envio, a SBP já recebeu inúmeros e-mails e telefonemas de candidatos, interessados em saber mais sobre as propostas da entidade e manifestando interesse em dar repercussão às reinvindicações na forma de projetos ou mobilizações. Nesse sentido, a Sociedade abriu espaço para diálogos e interações que, no futuro, podem ser úteis à causa pediátrica, lembrou a presidente. Segundo relatou, apesar de ser uma instituição científica, a SBP precisa agir também na esfera política de forma proativa e positiva.

DEBATE POLÍTICO – A intenção da SBP é reforçar posicionamentos da instituição no debate político em torno de propostas que buscam a plena proteção, a garantia de bem-estar e o estímulo ao desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, parcela da população que corresponde a mais de 60 milhões de brasileiros, frequentemente ignorados pelas políticas públicas de Estado.

A Agenda em Defesa da Criança e do Adolescente contempla, no total, 28 tópicos, com sugestões destinadas aos futuros gestores do País, agrupadas nos campos da Saúde; Direitos Humanos e Sociais; Segurança Pública; e Relações Humanas e Familiares.  “A Infância e a Adolescência merecem o máximo da atenção por parte do Estado e do Governo. Para esses jovens, que em poucos anos assumirão o comando do País, devem ser asseguradas estratégias e investimentos que lhes garantam educação, segurança, alimentação, cultura, lazer e, sobretudo, bem-estar e saúde. Infelizmente, esses itens estão ausentes da realidade de muitas famílias, que convivem com o abandono, a falta de oportunidades e a desesperança”, destaca o texto.

INFRAESTRUTURA – Com a Agenda, os candidatos a todos os cargos receberam também um dossiê com dados numéricos e outras informações relativos à condição de trabalho do pediatra e à falta de infraestrutura na Atenção Básica e na área hospitalar, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS). Os levantamentos abordam algumas das principais lacunas que afetam a qualidade do atendimento médico, como a fila de espera por cirurgias eletivas na rede pública e o déficit de leitos pediátricos para internação e de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) neonatais.

Dentre os tópicos destacados, está a necessidade de qualificar a assistência ao recém-nascido no momento do parto. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, sigla em inglês), de 184 nações analisadas pela organização, o Brasil figura como a 108º pior para recém-nascidos, com média de 9,9 mortes neonatais para cada mil nascidos vivos.

Outro item apresentado foram os baixos índices de cobertura vacinal do Brasil. Nos últimos anos, a maioria dos estados e municípios não têm alcançado as metas propostas pelo Ministério da Saúde e doenças já erradicadas ou controladas ameaçam retornar ao País, como sarampo, poliomielite e coqueluche. A situação expõe a população a riscos com reflexos relevantes até mesmo para a atividade econômica do País.

“O Brasil vive situações emergenciais no campo da saúde. O surto de sarampo, que recentemente voltou a ameaçar as crianças, é um dos exemplos mais evidentes. Os jovens de hoje são a base da Nação que nos tornaremos daqui a alguns anos. É preciso vontade política para acabar com a negligência e enfrentar o cenário de precariedade que avança sobre a assistência pediátrica”, concluiu dra. Luciana Rodrigues Silva.