JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que congrega 16 mil profissionais de todo o país, iniciou neste mês campanha nacional para abolir os andadores de bebês.
A entidade afirma que o equipamento é inútil para o desenvolvimento da marcha de bebês e que seu uso pode causar acidentes sérios como traumas no crânio chegando até a levar a morte.
Os médicos dizem que o andador dá uma mobilidade inadequada para a etapa de vida dos bebês e que, com seu uso, eles podem se aproximar de fogões, piscinas e produtos tóxicos.
O aparelho pode também deixar de estimular certos músculos, o que vai atrasar os primeiros passos, segundos os médicos.
Há 15 dias, em Jequié (BA), um bebê de nove meses caiu com um andador de uma escada com cerca de dez degraus. Ele morreu antes mesmo de chegar ao hospital devido a uma fratura cervical.
“O intuito é acabar com a recomendação do uso do andador. Acabar com a fabricação, só o Canadá conseguiu. O médico é uma autoridade de saúde dentro da família e pode conscientizar sobre esse utensílio que não tem vantagem nenhuma e leva risco para dentro de casa”, disse o pediatra Danilo Blank, do Departamento Científico da SBP.
Juliana e seu filho Matheus, de 11 meses, com o andador |
Os dados que norteiam as ações da SBP são da Academia Americana de Pediatria que apontam dez atendimentos nos serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade, provocados por acidentes com andador, todos os anos. Em um terço dos casos, as lesões são graves, geralmente fraturas ou traumas.
Em grandes redes de varejo do país e em lojas de brinquedos é possível encontrar o equipamento à venda.
A Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis) diz que tentar proibir andadores é um “retrocesso” e defende a criação de uma regulamentação para a venda.
Nesta semana, a diretoria da SBP se reúne com o Inmetro para discutir a questão.
“Andadores são usados na melhor das intenções em quem ainda não está com seu desenvolvimento neuropsicomotor habilitado para andar. Quando a criança estiver pronta, vai fazê-lo naturalmente”, declarou Eduardo da Silva Vaz, presidente da SBP.
No site www.conversandocomopediatra.com.br, da SBP, pais podem tirar suas dúvidas sobre andadores.
/Folhapress
21/01/13
DE SÃO PAULO
A empresária Juliana Ferreira Sales, 26, comprou um andador para o filho Matheus, hoje com 11 meses, quando ele tinha cinco meses de vida.
Ela defende o uso do equipamento dizendo que ele auxiliou no desenvolvimento da marcha de seu bebê e o deixou mais “esperto”.
“Estamos sempre atentos aos riscos e, por isso, ele jamais usa o andador sem ser observado. Também só deixamos brincar no andar térreo [a família mora em um sobrado]. Penso que a atenção é igual à da fase de começar a andar, em que o bebê também poderá alcançar o que não deve.”
A Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis) defende a criação de regras para os fabricantes nacionais de andadores seguirem e que o processo seja certificado pelo Inmetro.
“A proibição do uso não deve ocorrer nunca, seria um retrocesso para o país. O que precisamos é fazer o que já existe nos Estados Unidos e na Europa: regras de segurança compulsórias para a produção”, afirmou Elio Santini Júnior, diretor da fabricante Burigotto e do Conselho Administrativo da Abrapur. (JAIRO MARQUES)
21/01/2013
DE SÃO PAULO
Após a morte de um bebê de 10 meses, que estava usando um andador, em 2009, a cidade de Passo Fundo (a 284 km de Porto Alegre) passou a seguir recomendação do Ministério Público de proibir que o equipamento seja usado em órgãos públicos do município que lidem com crianças como creches e escolas.
A recomendação da promotoria aconteceu a partiu de uma denúncia do pediatra Rui Wolf, quem atendeu a criança horas depois da queda, já inconsciente, na CTI (Centro de Terapia Intensiva) de um hospital local.
“O bebê caiu quatro degraus e bateu a cabeça. Os pais não deram conta da gravidade do acidente e foram a uma festa de aniversário. Ela não chorava, nem vomitava, mas, quando dormiu, não acordou mais”, disse Wolf.
De acordo com o médico, quando chegou ao hospital, a criança tinha um edema na cabeça com 400 ml de sangue e sobreviveu 24 horas.
“Era quase a metade de todo o sangue que um bebê tem no corpo, na cabeça. Todos na CTI ficaram muito comovidos porque a mãe da criança não parava de cantar cantigas de ninar”, afirmou o médico. (JAIRO MARQUES)
Nota da Assessoria de Comunicação da SBP:
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