Não faltam evidências científicas que confirmem os efeitos deletérios à saúde causados pelos cigarros eletrônicos, também chamados de “vapes, e-cigs, DEFs ou pods”. Esta é uma das conclusões da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), descrita em um documento lançado nesta segunda-feira (13). No texto, elaborado para conscientizar pais e responsáveis a respeito dos perigos dos cigarros eletrônicos, os pediatras pontuam os riscos relacionados ao uso desses produtos, bem como a importância de manter em vigor a resolução RDC 46/2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe a comercialização, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos.
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De acordo com a presidente do Departamento Científico de Pneumologia da SBP, dra. Fátima Pombo Sant’Anna, é preciso que a sociedade esteja atenta e mobilizada a dizer não aos cigarros eletrônicos, combatendo qualquer tentativa que potencialmente possa facilitar seu consumo, especialmente por parte da população mais jovem. “É urgente a necessidade de nos posicionarmos contra a legalização dos dispositivos eletrônicos de fumar no Brasil, em favor da proteção da saúde de crianças e jovens”, afirma.
A Pesquisa Nacional em Saúde do Escolar (PeNSE), de 2019, mostra que cerca de 70% dos usuários dos cigarros eletrônicos são adolescentes e adultos jovens, com idade entre 15 e 24 anos, incluindo aqueles que nunca fumaram cigarros comuns. Além disso, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que reúne dados coletados entre 2009 e 2019, aponta que 17% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram, ao menos uma vez, os dispositivos eletrônicos, havendo uma tendência de maior consumo entre os meninos.
RISCOS À SAÚDE – A nota de alerta da SBP avalia que a escassez de estudos comprovando a segurança dos cigarros eletrônicos, em longo prazo, assim como a mistura de concentrações variáveis de nicotina com demais compostos, tornam os dispositivos um perigo potencial para a saúde. Entre as possíveis ações deletérias ao aparelho respiratório, estão: desencadeamento ou agravamento de doenças respiratórias crônicas como a asma, a diminuição da multiplicação celular e o dano ao DNA de células saudáveis.
Também estão sendo estudadas com maior profundidade a capacidade dos cigarros eletrônicos de causar dependência pela presença da nicotina, os efeitos da exposição à fumaça de segunda mão (pessoas que convivem com os fumantes, tabagistas passivos), as lesões físicas decorrentes de exposições acidentais aos e-líquidos contendo nicotina e a poluição ambiental que geram.
Conforme destaca a dra. Fátima Pombo Sant’Anna, impulsionado pelas mídias sociais, recentemente começou a emergir em território nacional um movimento para a legalização do uso dos cigarros eletrônicos. “Essa ideia vai contra a atual resolução da Anvisa, mas, acima de tudo, compromete a tradicional conquista brasileira na política antitabagista, tão exitosa nas últimas décadas. Um dos objetivos da SBP é justamente combater informações equivocadas e material com supostas evidências científicas que apoiam este movimento. Devemos nos colocar contra a legalização dos cigarros eletrônicos”, finaliza.
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