A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta semana o Manual de Orientação “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes”. Elaborado pelo Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza, a publicação tem como objetivo fornecer orientações para pediatras, educadores e famílias sobre a importância do convívio junto ao meio ambiente para a saúde e bem-estar da população pediátrica.
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De acordo com a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, apesar da literatura médica já reconhecer os benefícios obtidos através de brincadeiras, atividades de lazer e aprendizado ao ar livre, há cada vez menos oportunidades para a população pediátrica usufruir desse direito universal nas cidades brasileiras. Para a pediatra, é necessário refletir sobre o modo de vida que tem sido proporcionado às crianças.
“Existem diversos avanços relacionados à infância e adolescência no Brasil, como o aumento da escolaridade e o combate à exploração do trabalho infantil. No entanto, não podemos deixar de considerar que os efeitos da urbanização, entre eles, o distanciamento da natureza, a redução das áreas naturais, a poluição ambiental, bem como a falta de segurança e de qualidade nos espaços públicos ao ar livre, levam a população a passar a mais tempo em ambientes fechados e isolados”, alerta a especialista.
O Manual de Orientação da SBP aponta diferentes fatores determinantes para a ampliação desse contexto de confinamento, entre eles a atual dinâmica familiar; a falta de planejamento e mobilidade urbana; o excesso do uso de equipamentos eletrônicos; o consumismo; a violência e a sensação de insegurança; além da precária conservação da natureza.
Segundo o documento, um amplo conjunto de pesquisas relacionam a falta de oportunidades de brincar e aprender junto à natureza com o aumento da prevalência de problemas de saúde entre crianças e adolescentes, como obesidade, hiperatividade, baixa motricidade, falta de equilíbrio, pouca habilidade física, miopia, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica.
BENEFÍCIOS – Evidências científicas demonstram que o convívio com a natureza, desde a infância, melhora o controle de doenças crônicas – como diabetes, asma e obesidade –, diminui o risco de dependência ao álcool e a outras drogas, favorece o desenvolvimento neuropsicomotor e reduz os problemas de comportamento. Além disso, proporciona bem-estar mental, equilibra os níveis de vitamina D e diminui significativamente o número de visitas ao médico.
“O contato com a natureza ajuda também a fomentar a criatividade, a iniciativa, a autoconfiança, a capacidade de escolha, de tomar decisões e resolver problemas, o que por sua vez contribui para o desenvolvimento de múltiplas linguagens e a melhora da coordenação psicomotora”, enfatiza a publicação.
RECOMENDAÇÕES – No documento, a SBP reuniu uma série de orientações para auxiliar pediatras, educadores e famílias na importante função de reconectar crianças e adolescentes com a natureza e transformar o atual cenário, sendo as principais:
· Aconselhar e recomendar o acesso diário a no mínimo uma hora de atividades em contato com a natureza, seja para brincar, aprender ou conviver em contato com o meio-ambiente.
· As escolas e instituições de cuidados devem organizar suas rotinas e práticas de forma a equilibrar o tempo destinado às atividades curriculares com o tempo livre (recreio), a fim de permitir que as crianças e os adolescentes tenham amplas oportunidades de estar ao ar livre.
· O poder público deve garantir que todas as crianças e adolescentes tenham acesso a áreas naturais, seguras e bem mantidas, a uma distância inferior a 2 km de suas residências.
· Os adultos devem compartilhar seu apreço pela natureza e pelas atividades de lazer ao ar livre pautadas pelas relações, pelos encontros, pelo movimento e também pela contemplação e momentos de relaxamento.
· As crianças e adolescentes devem ser orientados a buscarem o equilíbrio no qual tanto o uso da tecnologia como a conexão com o mundo natural prosperem de forma benéfica.
INTOXICAÇÃO DIGITAL – O Manual de Orientação reforça ainda que tanto crianças e adolescentes quanto seus responsáveis passam boa parte do tempo imersos no mundo digital, em exposição crescente a publicidade e conteúdos tóxicos, violentos ou inadequados. Tais hábitos podem produzir efeitos impressionantes na convivência e na saúde física e mental, além da perda de contato com o mundo real e com as relações presenciais.
O texto apresenta ainda materiais de apoio para auxiliar a população na construção de hábitos mais próximos à natureza, além de enfatizar que os impactos do confinamento e da falta de contato com áreas verdes e o meio-ambiente são mais agudos em localidades densamente habitadas e com alta vulnerabilidade social.
O documento foi produzido sob coordenação de Laís Fleury (Instituto Alana) e Luciana Rodrigues Silva (SBP). A organização do texto foi de responsabilidade de Maria Isabel Amando de Barros (Instituto Alana) e os autores Daniel Becker; Dirceu Solé; Emmalie Ting; Evelyn Eisenstein; José Martins Filho; Laís Fleury; Luciana Rodrigues Silva; Maria Isabel Amando de Barros; Ricardo Ghelman; e Virginia Resende Silva Weffort. O texto contou ainda com a colaboração de Liubiana Arantes de Araújo e Ricardo do Rego Barros, e revisão de Regina Cury (Metatexto).
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