Pediatria marca presença no Congresso Brasileiro de Educação Médica e nos debates pela qualidade do ensino na Medicina

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio de seus representantes, teve intensa participação nas atividades da 54ª edição do Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), que contou com mais de dois mil inscritos de todo o Brasil. O dr. Joel Lamounier, diretor de Ensino e Pesquisa da SBP, e a dra Anamaria Cavalcante e …

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Da esquerda para a direita: drs. Joel Alves Lamounier, Rosana Alves, Jadet Lampert e Fabiana Aparecida Silva durante lançamento do livro “Ensino na Saúde: modelo de avaliação CAES-Abem na construção de mudanças” / Fotos: Rosana Alves (arquivo pessoal)

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio de seus representantes, teve intensa participação nas atividades da 54ª edição do Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), que contou com mais de dois mil inscritos de todo o Brasil. O dr. Joel Lamounier, diretor de Ensino e Pesquisa da SBP, e a dra Anamaria Cavalcante e Silva, coordenadora regional do Nordeste da entidade, acompanharam os debates que visam a construção de propostas que aperfeiçoem os processos de avaliação do ensino da Medicina.

Dr Joel Lamounier participou da oficina pré-Congresso da Comissão de Avaliação de Escolas da Área da Saúde (CAES), que teve como enfoque o “Método da Roda – Modelo de Avaliação Institucional CAES: trabalhando resultados e perspectivas”. Os participantes receberam junto ao material o livro “Ensino na Saúde: modelo de avaliação CAES-Abem na construção de mudanças”, de autoria da dra. Jadete Lampert, uma das coordenadoras do CAES e docente da Universidade Federal de Santa Maria (RS), que foi lançado durante o evento.

AVALIAÇÃO - Na oficina foi apresentado um instrumento de avaliação de escolas médicas, que pode ser usado por qualquer instituição de ensino médico, a fim de avaliar a qualidade do curso, identificar os pontos fortes e frágeis. O processo é dividido em três etapas. Na primeira delas é preenchido um questionário de autoavaliação, que, após analisado, permite a elaboração de um relatório de feedback à escola. Na segunda, é feita a Construção de Indicadores de Qualidade de Ensino. Por fim, é realizada a visita in loco, com a coleta de dados qualitativos e quantitativos. Durante a oficina, foram apresentados os resultados alcançados ao longo dos últimos dez anos da iniciativa. Houve também oferta de treinamento para os interessados.

Para o dr. Joel, com a avaliação das escolas médicas, com a divulgação dos resultados alcançados, desde que preservadas as identidades, possibilita-se uma visão geral sobre o ensino na graduação, como foco nos conteúdos ensinados nos cursos das áreas de saúde, o que permite adequar o currículo das instituições, se for necessário. “Esse instrumento também poderia ser utilizado pela SBP a fim de avaliar os programas de residência em pediatria. Assim, a SBP reafirma o seu interesse em participar de ações e projetos junto a Abem”, ressaltou.

cobem2De acordo com a dra. Anamaria Cavalcante (foto), a avaliação do progresso do estudante de medicina passou a ser de extrema importância para o Ministério da Educação e para a qualidade do ensino da saúde como um todo. “Todos os acadêmicos de medicina do Brasil que estiverem cursando o segundo, o quarto e o sexto ano farão essa prova. O exame avalia as principais áreas como a pediatria, clínica médica, ginecologia, cirurgia, pneumologia e saúde da família”, afirmou a coordenadora, para quem é preciso avaliar, periodicamente, com rigor os acadêmicos que, no futuro, cuidarão da saúde dos brasileiros.

DISCUSSÃO – Realizado anualmente, essa edição do COBEM, que ocorreu de 12 a 15 de outubro, em Brasília (DF), teve como tema central “Ensinar e Aprender Medicina: desafios do presente, expectativas do futuro”. O evento, organizado pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), reuniu docentes e discentes de medicina com o objetivo de buscar melhorias no processo ensino-aprendizagem e, consequentemente, na qualidade da assistência oferecida à população. “Esse tema nos estimula a refletir e a buscar caminhos para enfrentar os desafios, tanto no cotidiano de nossas escolas quanto na consolidação do Sistema Único de Saúde, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária, conforme reza a missão da Abem”, destacou o dr. Sigisfredo Luis Brenelli, diretor-presidente da entidade.

De acordo com a dra. Rosana Alves, também coordenadora da CAES, há uma crescente cobrança da sociedade por melhorias na formação médica, principalmente após a promulgação da Lei 12.871/2013, que instituiu o programa Mais Médicos, e das Diretrizes Curriculares Nacionais para Medicina, publicadas em 2014 pelo Ministério da Educação (MEC). “O Brasil passa por um momento crítico na saúde e na educação médica. Com isso, essa formação é permanente e se inicia na graduação, permeia na residência médica e continua enquanto o médico atuar profissionalmente, e o COBEM tem essa função”, frisou.

cobem3ABERTURA CRESCENTE - Para a diretora-financeira da SBP, dra. Maria Tereza Fonseca da Costa (foto), há fatores que trazem grande complexidade a este cenário. Segundo ela, é preocupante a abertura crescente de novas escolas médicas no País, que hoje já chegam a 271 unidades. Outro ponto que ela destaca é o desafio da implantação de metodologias e técnicas de ensino e aprendizagem mais adequadas, levando-se em consideração o perfil do estudante de medicina do século 21 e as expectativas da sociedade em geral sobre o egresso deste curso.

Em relação ao ensino da pediatria na graduação de medicina, a diretora da SBP diz ainda que se deve evoluir ao encontro das necessidades das políticas de saúde da criança e do adolescente. Na sua avaliação, esse fluxo tem ainda que acompanhar o desenvolvimento técnico-científico, nas diferentes áreas de atuação, privilegiando-se a tomada de decisão do médico generalista, sem perder de vista os direitos e a saúde deste grupo etário.

“A SBP está inserida no conjunto de instituições compromissadas com as reflexões críticas e a discussão contínua sobre os meios do ensino médico no Brasil, os mecanismos de avaliação das escolas e a questão do modelo de residência médica, relacionados à legislação vigente e às Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014”, ressaltou a dra. Maria Tereza.

E-POSTER – O 54º COBEM trouxe novidades aos participantes, dentre as quais se destacam o aumento do número de oficinas pré-congresso, a apresentação dos pôsteres no formato e-poster (pôster digital), em totens de TV de LED, além das comunicações orais, que favoreceram a apresentação de cerca de 1.500 trabalhos, e a inserção da área de Pediatria na Simulação, com a apresentação de duas estações: recepção ao recém-nascido e puericultura. A programação científica também foi contemplada com mesas-redondas, palestras e dinâmicas em grupo.

A dra. Anamaria Cavalcante e Silva adianta que algumas metodologias adotadas no COBEM serão incorporadas no 15º Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa, que acontecerá paralelamente com o 38º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP), em outubro de 2017, em Fortaleza (CE). “Na reunião sobre o CBP, na semana passada, em São Paulo, o dr. Joel Lamounier aceitou a nossa sugestão de realizarmos no Congresso de Ensino e Pesquisa uma mesa-redonda com a presença de dois docentes e um discente, representando a sua categoria. Isso é de suma importância, pois dá protagonismo aos jovens médicos”, enfatiza.