Pesquisa bibliográfica e avaliação dos periódicos científicos abordados em novo Manual de Orientação da SBP

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta terça-feira (5) o Manual de Orientação “Pesquisa bibliográfica e avaliação dos periódicos científicos”. O material foi elaborado pelo editor científico do Jornal de Pediatria, dr. Renato Procianoy, em parceria com a professora Associada de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dra. Rita de Cássia Silveira. O documento traz instruções sobre como realizar a pesquisa bibliográfica que antecede a confecção de um projeto de pesquisa e também orientações importantes para definir um periódico com a abrangência científica almejada pelo autor.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO MANUAL DE ORIENTAÇÃO

Ao elaborar um artigo científico, o autor quer ter seu texto publicado em um periódico com muita credibilidade no meio científico e que tenha grande visibilidade. Para que isto ocorra, são necessários vários passos e é fundamental que o tópico seja original, o método aplicado seja apropriado, a escrita esteja adequada e o periódico tenha ampla abrangência dentro da área pretendida.

Segundo o documento, a originalidade de uma pesquisa é importante para que ela se torne interessante. Entretanto, a originalidade deve ser respaldada em achados já descritos previamente. Por isso, uma revisão bibliográfica extensa é recomendável antes de iniciar um projeto de pesquisa. Atualmente existem várias plataformas online que permitem uma pesquisa bibliográfica.

“A principal maneira de realizar a pesquisa bibliográfica é utilizando as palavras-chave (key words). Este é o motivo pelo qual a escolha das palavras-chave quando escrevemos um artigo, é fundamental para aumentar a visibilidade do artigo. Quando se conhece os autores que escrevem muito a respeito de um determinado assunto, pode-se fazer a pesquisa bibliográfica procurando pelo nome do autor. Ao se digitar o nome do autor aparecerão todos os artigos publicados por aquele autor que estão indexados naquela base de dados”, destaca o documento.

PLATAFORMAS – As plataformas mais utilizadas são: Google Acadêmico ou Google Scholar, PubMed/MEDLINE, Scopus e SciELO. Ao abrir qualquer uma dessas plataformas, digita-se a palavra-chave procurada. Aparecerão os artigos indexados com aquela palavra-chave na plataforma.

Caso deseje refinar mais a pesquisa, podem ser colocadas duas palavras-chave e desta forma aparecerão as publicações catalogadas com aquelas palavras-chave. Da mesma forma, querendo-se pesquisar um autor, digita-se o nome do autor e aparecerão as publicações daquele autor.

“Essas diferentes bases de pesquisa bibliográficas se distinguem pela base de dados que utilizam. Algumas são mais extensas que outras. De forma geral, os principais periódicos constam de todas as bases de dados pesquisados. Para que uma pessoa se torne apta à pesquisa bibliográfica nestas bases de dados, é preciso que comece a utilizá-las e explorá-las com frequência”, diz outro trecho da nota.

FATOR DE IMPACTO – Os parâmetros mais utilizados na atualidade para medir a importância de uma publicação científica são o Fator de Impacto e o CiteScore. O Fator de Impacto de um ano é medido contabilizando o número de citações no ano analisado dos artigos publicados no periódico nos dois anos que precedem o ano que se está analisando dividido pelo número de artigos publicados naqueles dois anos precedentes. A base de dados utilizada para calcular é o Web of Science que inclui em torno de 9200 publicações e só leva em consideração os artigos citáveis (artigos originais e de revisão).

CiteScore é medido da mesma forma que o Fator de Impacto, utilizando um período dos últimos três anos ao invés de dois anos. A base de dados utilizada é a base de dados do Scopus que inclui mais de 23 mil publicações e leva em consideração todos os documentos indexados (artigos, revisões, cartas, notas, editoriais, artigos de conferências).

O periódico com maior número de citações pressupõe uma maior repercussão daquela publicação no cenário internacional. Esses índices não deveriam ser utilizados para avaliar a importância de um pesquisador. O fato de que um autor publique numa revista com alto Fator de Impacto ou alto CiteScore não significa que o seu artigo seja excepcional. Há artigos publicados em periódicos com alto Fator de Impacto ou CiteScore que não foram referenciados uma única vez.

“Por sua vez, quando um autor escolhe um periódico para publicar, ele deve ter em mente qual a população alvo do seu artigo. Nem sempre a população de leitores de uma revista com maior fator de impacto é, necessariamente, a população que o autor quer alcançar”, destacam os autores.

ÍNDICE H – A melhor forma de avaliar um autor é pelo índice h. O índice h consiste em relacionar o número de publicações científicas com o número de suas citações, tornando-se um parâmetro avaliativo de um autor. Por exemplo, um autor tem índice h=20 se os seus 20 artigos mais citados tiverem pelo menos 20 citações cada um. Esta é uma forma mais adequada de medir a importância da produção científica de um pesquisador.

Um determinado autor pode ter publicado inúmeros artigos que foram muito pouco citados, terá um índice h baixo. Outro autor pode ter publicado um menor número de artigos, mas que foram muito citados, o seu índice h será alto. A produção científica deste segundo autor, embora numericamente menor, tem maior repercussão acadêmica do que do anterior.

Todos os sites que calculam métrica das publicações científicas também calculam o índice h dos autores. O índice h de cada autor variará conforme a plataforma que está calculando o indexador, uma vez que a base de dados utilizada não é a mesma.

“A pesquisa bibliográfica é fundamental para quem quer iniciar um projeto de pesquisa. Existem várias plataformas online de pesquisa bibliográfica e é importante que o pesquisador saiba como utilizá-las. Ao submeter um artigo para publicação, o pesquisador deve saber como escolher o periódico adequado à sua pesquisa, os leitores que pretende alcançar e a visibilidade do periódico onde pretende publicar o seu artigo”, concluem os autores.