Poluição do ar e consequências na saúde infantil é tema do 1º Encontro Nacional do Urban95 Convening 2021

Nove em cada dez pessoas no mundo vivem em cidades com má qualidade do ar e as crianças são um dos grupos mais vulneráveis. Para compartilhar experiências e apresentar iniciativas de combate, monitoramento e gestão de qualidade do ar e como ela afeta a primeira infância, especialistas de diferentes áreas se reuniram no 1º Encontro Nacional do Urban95 Convening 2021, realizado pela Fundação Bernard van Leer e Instituto Saúde e Sustentabilidade, em setembro. O presidente do Departamento Científico de Toxicologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Carlos Augusto Mello da Silva, representou a entidade no evento. Em sua aula, ele destacou o impacto da poluição do ar na saúde dos bebês e crianças. 

“É de vital importância que possamos discutir mais esse tema, envolver a sociedade, os profissionais de saúde em geral, e os pediatras em particular. Nós consideramos um dever dos pediatras se envolverem e se interessarem cada vez mais pelo tema da poluição ambiental, e no caso específico da poluição do ar e seus efeitos nocivos sobre a saúde das crianças”, disse. 

Em sua apresentação, dr. Carlos enfocou os efeitos sobre a parte respiratória das crianças e adolescentes, como as manifestações alérgicas, entre elas, a asma, “que é uma doença altamente prevalente, e também os efeitos a longo prazo que podem começar na infância ou impactar nos adultos causando, inclusive, mortalidade por doenças cardiovasculares”. 

Também enfatizou os aspectos relacionados ao impacto da poluição sobre alterações que ocorrem dentro do útero, entre eles, efeitos sobre o sistema neurológico e alterações do sistema endócrino, fundamentais para o crescimento da criança. 

MALEFÍCIOS – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar é responsável pela morte de 7 milhões de pessoas anualmente no mundo, incluindo 600 mil crianças com menos de 15 anos. 

E os primeiros mil dias – que começam desde a vida intrauterina e vão até os primeiros anos de nascimento das crianças – são muito importantes para o desenvolvimento infantil. Durante este período, os poluentes do ar estão diretamente relacionados ao baixo peso ao nascer. “A poluição pode produzir parto prematuro e aumentar a ocorrência de natimortos”, salientou dr. Carlos Augusto.

Apesar de serem doenças multifatoriais, o autismo e a hiperatividade também têm a exposição à poluição entre as principais causas. Os poluentes podem ainda aumentar a ocorrência de leucemia e retinoblastoma, além de ganho de peso pós-natal, obesidade infantil, resistência à insulina, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e causar possível interferência no início da puberdade.