Presidente da SBP fala sobre ética e bioética em evento da Academia de Medicina de São Paulo

O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Clóvis Francisco Constantino, que também é acadêmico titular da Cadeira 122 da Academia de Medicina de São Paulo (AMSP), foi o palestrante convidado da tradicional Tertúlia Acadêmica da AMSP, ocorrida em 10 de abril. Na oportunidade, o pediatra discutiu questões éticas e bioéticas pertinentes à medicina, destacando o Código de Ética Médica e o Código de Ética do Estudante de Medicina, ambos elaborados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ele também abordou as dificuldades na interpretação dos artigos contidos nestes códigos.

“No primeiro contato dos alunos com o ensino médico, é essencial apresentar o oncologista norte-americano Van Renssealer Potter. No início dos anos 70, ele escreveu vários artigos sobre a sobrevivência humana, em função do importante avanço tecnológico que o mundo estava vivenciando”, comentou. Segundo explicou o presidente da SBP, Potter acreditava que nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável, pensamento que culminou na criação do livro ‘Ciência da sobrevivência humana, uma ponte para o futuro’.

Antes mesmo das publicações fundamentais para a bioética da década de 1970, o médico alemão Paul Max Fritz Jahr, em 1927, publicou no Cosmo (periódico alemão) um artigo que mencionou pela primeira vez o termo “bioética”. O palestrante explicou ainda que o campo da ética e bioética é transdisciplinar, pois pode se modificar por meio de fundamentos, ou seja, há pluralidade. Para ele, essa pluralidade é transcendida por meio de debates, soma de conhecimentos de áreas variadas, inter-relações e a possibilidade de levar as pessoas a outros pontos de vista, fazendo-as, muitas vezes, mudar de opinião sobre o que consideram certo ou errado.

Desafios – Dr. Clóvis ressaltou ainda que, atualmente, um dos desafios no ensino médico é mostrar a responsabilidade em relação à profissão. “Vivemos em uma época de desconfiança, a diferença incomoda, todos somos culpados de algo até que se prove o contrário. Isso é uma característica de toda a sociedade”, disse.

O pediatra e bioeticista reforçou também a importância da temática na formação médica. “Nos preocupamos com o aprimoramento ético-moral, pois os alunos têm bastante conteúdo durante toda a graduação e depois na residência. Então buscamos mostrar que não importa o volume e a qualidade do currículo se isso não for posto em benefício das pessoas”, salientou.

Finalizando a apresentação, o conferencista usou uma alusão do bioeticista estadunidense Edmund Pellegrino, que afirma que “a Medicina é a mais humana das ciências, a mais empírica das artes e a mais científica das humanidades”.

A TERTÚLIA COMPLETA PODE SER ASSISTIDA AQUI

*Com informações da assessoria da Academia de Medicina de São Paulo