Prevenção das mortes no trânsito é tema de campanha da ONU que tem o apoio da SBP

A prevenção da violência no trânsito é o tema da 4ª Semana Global de Segurança no Trânsito, promovida pela Colaboração das Nações Unidas pela Segurança no Trânsito, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que começa nesta segunda-feira (8) e se estenderá até 14 de maio. “Desacelere …

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A prevenção da violência no trânsito é o tema da 4ª Semana Global de Segurança no Trânsito, promovida pela Colaboração das Nações Unidas pela Segurança no Trânsito, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que começa nesta segunda-feira (8) e se estenderá até 14 de maio. “Desacelere e Salve Vidas” (Save Lives #SlowDown, nomenclatura em inglês): esse é comando dado pelos organizadores, que querem chamar a atenção da população mundial para os riscos de mortes e sequelas causadas pelos desastres de trânsito. Números da OMS mostram que o trânsito mata mais de um milhão de pessoas anualmente no mundo e cerca de 10 milhões ficam com sequelas incapacitantes permanentes.

Para a OMS, a redução nos limites de velocidade é uma alternativa para a diminuição no número de acidentes de trânsito e os consequentes traumas a passageiros e motoristas. No entanto, poucas nações contam com legislação adequada. Apenas 47 possuem limite máximo de velocidade urbana nacional igual ou inferior a 50 km/h e permitem que autoridades locais reduzam ainda mais esses parâmetros em áreas de maior risco. Um estudo publicado no site da campanha, mostra que as chances são de 20% de um pedestre adulto sobreviver a um atropelamento por um carro a 50 km/h. 

Além do alerta mundial, a campanha destaca algumas soluções para diminuir os números da violência no trânsito. Dentre as sugestões, constam fixação de limites de velocidade, melhoria das estradas, instalação de mecanismos de segurança e de tecnologia em veículos e maior conscientização de pedestres e motoristas sobre os perigos da alta velocidade e sobre as regras a serem respeitadas.

Para o secretário do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Danilo Blank, a campanha é de extrema importância sob a perspectiva da saúde de crianças e adolescente. Dados do 4º Tratado de Pediatria da SBP informam que atropelamentos são a causa de cerca de 5% de todas as mortes de escolares brasileiros. Na sua opinião, “as mobilizações comunitárias que visam à redução da velocidade dos automóveis não são só altamente relevantes, como merecem o engajamento de todo o pediatra e da SBP’.

IMPORTÂNCIA DO PEDIATRA – A violência no trânsito atinge principalmente os países de média e baixa renda. As crianças e os pedestres são as principais vítimas. De acordo com o dr. Danilo Blank, esse cenário mostra a relevância da participação efetiva dos pediatras no esforço de mobilização pela promoção da segurança. “O papel do pediatra – simplesmente no âmbito de sua atuação clínica – é bem limitado, já que todas as estratégias preventivas eficazes se baseiam em modificações ambientais para a segurança, legislação reguladora controlada e sensibilização comunitária”, destacou.

Contudo, ele destaca que o pediatra pode ser útil nesse processo ao estabelecer um diálogo sobre o tema com as famílias, conscientizando-as sobre a necessidade de mudanças de comportamento em prol da segurança no trânsito. O mesmo trabalho pode ser feito de modo específico com as crianças e adolescentes, procurando despertar uma atitude positiva nas outras etapas da vida, quando deixarão de ser passageiros e poderão assumir as funções de motorista.

Dr Blank enfatiza que “todo pediatra precisa ser instado a assumir uma posição política em defesa da segurança da criança e do jovem, engajando-se nas iniciativas promotoras da segurança, como essa da OMS”. Como dicas, ele sugere a inclusão da temática nas consultas de puericultura, a indicação de materiais audiovisuais e o envolvimento das famílias no processo, orientando-as, por exemplo, que menores de 10 anos não devem enfrentar qualquer tipo de trânsito sem a supervisão direta de um adulto, pois essa exposição excede as habilidades físicas, cognitivas, sensoriais e de comportamento da criança.

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PARTICIPAÇÃO – A campanha não visa somente organizações governamentais ou não governamentais, mas toda a população, chamando a todos para participarem ativamente das ações durante a Semana. Também é estimulada a divulgação da iniciativa nas redes sociais com a hashtag #SlowDown. Por exemplo, no site da campanha é possível baixar cartazes que permitem sua customização com a foto do interessado. Além disso, na página é possível consultar o calendário de eventos organizados por instituições e pelo governo. No Brasil, há três atividades marcadas para celebrar a data: um nacional, promovido por várias entidades, intitulado Maio Amarelo; e dois regionais, que acontecerão em Joinville (SC) e em São Paulo (SP).

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HISTÓRICO – Em 2004, no Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de abril, a OMS tratou pela primeira vez o tema da segurança no trânsito visando à conscientização sobre os riscos de traumas, bem como o estímulo à criação de novos programas de segurança no trânsito e o aprimoramento das iniciativas existentes.

A primeira Semana Global das Nações Unidas para a Segurança no Trânsito aconteceu em 2007, com o tema “Juventude e segurança na estrada”. O evento culminou na criação da Assembleia Mundial da Juventude para Segurança no Trânsito, que reuniu mais de 400 jovens de mais de cem países para tentar conter essa crise. Além disso, foi criada a organização YOURS – Juventude para Segurança no Trânsito, que visa agir em prol da melhoria da segurança no trânsito para os jovens.

Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. A medida foi elaborada a partir dos estudos da OMS sobre a estimativa de 2009 que contabilizou cerca de 1,3 milhões de mortes por acidentes de trânsito em 178 países, sendo que aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram com sequelas. Com isso, a meta é que até 2020 seja estabilizado e reduzido a 50% o número dos acidentes de trânsito em todo o mundo através de ações mundiais, nacionais e regionais.

Já em 2015, a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU mostrou, ainda mais, a necessidade do debate e da melhoria nesse tema. Dentre as metas, duas delas referem-se à prevenção de acidentes de trânsito: a meta 3.6 é reduzir pela metade as mortes e traumatismos no trânsito até 2020, no âmbito mundial; a meta 11.2 é, até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transportes seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos.