Prevenção de violência contra criança é tema de novo podcast da revista Residência Pediátrica

Na Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância, a revista Residência Pediátrica, publicação científica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), tratará do tema no seu podcast de quinta-feira (11). Para tanto, convidou a dra. Ana Lúcia Ferreira, do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da SBP, para falar sobre prevenção da violência contra crianças.

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De acordo com dra. Ana Lúcia, dois pontos precisam ser considerados pelos médicos para que a prevenção da violência contra a criança seja exitosa. O primeiro é a necessidade de lidar com a família, e não com a criança isoladamente.

“Se considerarmos que na maioria das vezes a criança é vítima de violência praticada pelos pais ou parentes próximos e que, ao mesmo tempo, é dependente física, emocional e socialmente dessas pessoas nos encontramos diante do desafio:  de procurar proteger a criança sem afastá-la de uma família, que muitas vezes tem diversos tipos de problema”, comentou.

PROTEÇÃO - Na avaliação da especialista, essa não é uma tarefa fácil e o pediatra pode contribuir no dia a dia para proteção das crianças observando o relacionamento dos familiares entre si e deles com a criança e interferindo de forma positiva quando observar alguma coisa que possa prejudicar os mais jovens, como a educação por meio de punição física ou verbal ou o tratamento desrespeitoso com a criança durante a consulta.

O segundo ponto a ser considerado para o êxito da prevenção da violência contra a criança é o trabalho em rede, alertou dra Ana Lúcia. Sobre isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2017, um documento no qual elencou sete estratégias baseadas em evidências para prevenção da violência contra crianças, chamada INSPIRE.

“O setor de Saúde teria participação em três dessas sete estratégias, as quais precisariam atuar em rede: produção de mudanças, normas e valores que sejam restritivos ou nocivos às crianças, sendo necessária a atuação em rede com as áreas de educação e de assistência social; apoio aos pais e cuidadores, atuando em rede com os órgãos de assistência social; e atuação nos serviços de atendimento e suporte às vítimas e autores de agressão, desde o atendimento clínico até a colocação em acolhimento institucional (abrigamento), em casos específicos, atuando conjuntamente com órgãos de proteção, como o Conselho Tutelar, Assistência Social, e a Justiça”, explicou.

A médica diz ainda que é compreensível que o médico recém-formado não se sinta confortável para lidar com situações de violência, em geral complexas e vinculadas a problemas sociais e emocionais, sendo dependentes de suporte interdisciplinar e intersetorial na busca de soluções. “Conversar com as famílias abertamente, de forma tranquila e empática, identificando suas potencialidades e limitações, sem fazer julgamentos e sem se precipitar na tomada de atitudes, ajuda a compreender o contexto de vida dos pacientes e abre a possibilidade do desenvolvimento de ações de prevenção específicas para cada família, ajudando, assim, a criança em questão’, finalizou.

PRÓXIMO PROGRAMA – A sífilis será o tema abordado pela dra. Márcia Galdino, da Sociedade Brasileira de Pediatria, no próximo podcast. Outros temas estão em fase de produção, como bullying, cuidados paliativos, dificuldades de aprendizagem, entre outros.

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