Prevenção e diagnóstico precoce são destaque em debate sobre câncer infantojuvenil, no 38º CBP

As discussões sobre formas de prevenção e identificação precoce do câncer no adulto, na criança e no adolescente também tiveram espaço de destaque no 38º Congresso Brasileiro de Pediatria. A proposta teve como meta conscientizar a comunidade pediátrica sobre a importância do retrocesso das exposições aos fatores de risco e também apresentar meios efetivos de se identificar casos de câncer já estabelecidos.

O tema foi apresentado pelo médico hematologista dr. José Carlos Martins Cordoba, que enfatizou os meios mais adequados para prevenir a doença na fase infantojuvenil: manter os níveis de vitamina “D” equilibrados, usar com regularidade protetores solares, não fazer bronzeamento artificial, manter uma alimentação saudável e realizar atividades físicas com frequência. Ainda segundo o especialista, incentivar campanhas escolares e iniciativas que proporcionem ambientes com sombras também podem ajudar a prevenir.

De acordo com o dr. Cordoba, o Melanoma, um dos principais tipos de câncer entre os adultos, por exemplo, comumente são reflexos de uma exposição excessiva ao sol desde a infância. “A infância e a adolescência são períodos críticos de vulnerabilidade”, disse o médico, que ainda apontou a obesidade infantil como outro grande fator de risco para o desenvolvimento de um câncer no futuro.

“Meninas com menstruação precoce, devido a uma dieta pobre em fibras e a ingestão de gordura saturada, por exemplo, podem desenvolver câncer de endométrio. Outro caso é o dos fumantes passivos. Crianças expostas com frequência à fumaça do cigarro podem desenvolver câncer de boca, laringe e pulmão”, apontou o pediatra.

DIAGNÓSTICO – Durante os debates, ainda foram destacados alguns critérios para uma melhor precisão na identificação dos possíveis casos de câncer. Ele alertou para que os colegas não solicitem exames desnecessários, mas deem foco à região acometida pelo problema. Também destacou que, nos exames radiológicos, os laudos estejam sempre quantificados com os níveis de radiação aos quais os pacientes foram expostos.

Os meios de identificar precocemente as leucemias, foram tratados também pela dra. Denise Bousfield, especialista em hematologia e oncologia. A médica apontou o alto índice de suspeita para o câncer, histórico clínico e familiar, exames físicos e a interpretação do hemograma como pontos importantes na hora da avaliação.

Segundo ela, na maioria dos eventos, os doentes relatam as seguintes queixas: dor óssea noturna, dor óssea intensa (com necessidade de analgesia com opioide), dor óssea ou sintomas sistêmicos (desproporcionais à gravidade da artrite), distribuição assimétrica da dor articular, dor óssea não articular e a resposta deficitária aos anti-inflamatórios não esteroides. “É preciso lembrar que as doenças reumatológicas são as principais causas de resultados equivocados. Além disso, o uso de corticoides nestas situações pode retardar a definição da leucemia, porque alivia os sintomas”, alertou.

A médica orientou os participantes a realizarem exames físicos detalhados, valorizando sempre a persistência de sinais ou sintomas explicados, além de buscarem conhecer as variações do hemograma, conforme faixa etária, etnia e sexo.