Em 2019, o Programa de Reanimação Neonatal (PRN) da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) comemora 25 anos de criação. O projeto surgiu da necessidade de reduzir os altos índices de mortalidade infantil no Brasil, uma vez que as causas perinatais – aquelas relacionadas aos problemas da gravidez e nascimento – são responsáveis por boa parte desses óbitos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1994, ocorriam 37,2 mortes de crianças com menos de um ano a cada mil nascidos vivos. Em 2017 (últimos dados disponíveis), a taxa passou para 12,8 mortes para cada grupo de mil nascidos vivos. Parte desse avanço ocorreu em virtude da constante atualização e promoção de capacitação dos médicos e profissionais de saúde.
De acordo com as coordenadoras do PRN, dras. Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg, os esforços empreendidos pelos pediatras da SBP têm sido fundamentais para salvar a vida dos recém-nascidos. “De Norte a Sul do País, temos profissionais que abdicam do seu tempo e percorrem longas distâncias em prol dessa causa. O crescimento do Programa só foi possível graças à dedicação desses especialistas, ao longo de muitos anos, que ajudaram a construir uma assistência mais qualificada e humanizada na sala de parto”, destacaram.
HISTÓRICO – O Programa começou a tomar forma em 1994, quando a SBP adotou a experiência do grupo de docentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o Curso Teórico-Prático em Reanimação Neonatal (CTPRN), que havia sido moldado de acordo com os preceitos da Academia Americana de Pediatria (AAP) e introduzido no Brasil em 1991.
Tal iniciativa, reuniu um grupo de neonatologistas brasileiros que, juntos, vem orientando a consolidação e a expansão do PRN. Esse grupo de neonatologistas foi liderado, primeiramente, pelo dr. Luis Eduardo Vaz Miranda, em seguida, pelo dr. José Maria de Andrade Lopes e, depois, pela dra. Alzira Helena Lobo.
Entre os anos de 2001 e 2006, sob a coordenação do dr. José Orleans da Costa, o PRN passou por uma fase de reorganização e descentralização. Nas suas duas gestões, foi organizado o sistema de certificação e o treinamento de instrutores na maior parte do País. As filiadas foram equipadas com material prático, foi criado o curso para profissionais de saúde não médicos e estabelecida a interlocução com o Ministério da Saúde.
Nos anos subsequentes mais mudanças vieram: o Programa passou a contar com um grupo executivo com atribuições e metas específicas, cuja execução foi viabilizada por uma dupla de coordenadores em cada filiada. Com isso, teve a melhor distribuição do conhecimento atualizado de forma continuada, mudando o paradigma da capacitação do atendimento ao recém-nascido em sala de parto. Em 2011, foi estabelecido um sistema próprio informatizado para instrutores, que permitiu a descentralização administrativa efetiva.
SIMPÓSIO – Além disso, desde 2004, é realizado a cada dois ou três anos o Simpósio de Reanimação Neonatal, cujo objetivo é promover a atualização científica dos pediatras que atendem nas salas de parto, com base nas novas diretrizes da reanimação e discutir questões de relevância para o pediatra, como o atendimento adequado ao recém-nascido a termo, o cuidado com o prematuro na sala de parto, a redução da asfixia perinatal, entre outras.
De acordo com as coordenadoras do PRN, os Simpósios sempre conseguem atrair mais de mil profissionais, entre pediatras, enfermeiros, neonatologistas, e permitem que ocorra um intercâmbio entre os congressistas.
“Um dos motivos para o PRN crescer é a realização do Simpósio, pois é nessa ocasião que conseguimos congregar especialistas que trabalham em prol do mesmo objetivo e, assim, promover discussões importantes e que colaboram para a reflexão de diversos temas cotidianos. Além disso, muitos pediatras ficam interessados em se tornarem instrutores do Programa quando participam do evento, por exemplo”, explicam as dras. Maria Fernanda e Ruth.
Até 2018, já foram promovidas setes edições do Simpósio nos seguintes estados: Minas Gerais (2004 e 2016); São Paulo (2006 e 2011); Rio de Janeiro (2009); Rio Grande do Sul (2014); e Paraná (2018). A próxima edição está marcada para abril de 2021, em Salvador (BA).
PARCERIA – Com a consolidação do Programa, a partir de 2008 teve início a parceria com a LDS Church. A instituição oferece o material tanto para aula teórica quanto para a prática e também viabiliza as questões da infraestrutura para a realização dos cursos. Os locais preconizados nesse acordo são o interior de regiões mais distantes, como o Norte e Nordeste, pois são onde recebem menos cursos e o acesso é mais complexo.
Além disso, a entidade deixa ainda material com a filiada da SBP no local e nos principais hospitais indicados pela filiada da região para que novos cursos sejam realizados. “É uma parceria que visa capilarizar ainda mais o conhecimento e a educação continuada dos pediatras. Entre 2008 e 2019, por exemplo, foram mais de 2.300 profissionais de saúde e médicos capacitados nas regiões norte e nordeste e até dez kits práticos foram doados para cada estado”, comentam as coordenadoras.
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