PRN-SBP forma instrutores em Maputo e encerra missão de cooperação técnica entre Brasil e Moçambique

O Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP) formou, nessa quinta-feira (16), 14 instrutores regionais no auditório do Banco de Leite Humano do Hospital Central de Maputo (HCM), em Moçambique, na África. Na oportunidade, aconteceu a eleição das coordenadoras regionais e suplentes do Programa de Reanimação Neonatal da Associação Moçambicana de Pediatras (AMOPE). Foram eleitas as dras. Nilza Mussagy e Ivana Dias e Hafsa Mussá e Yasmin Mussa, respectivamente.

“Temos muita esperança de que os coordenadores de Nampula, Beira e Maputo saberão dar autonomia e grandeza a este projeto”, comenta a coordenadora da ação do PRN-SBP em Moçambique e coordenadora do GT Pediatria Internacional dos Países de Língua Portuguesa da SBP, dra. Marcela Damásio.

No dia anterior, foi realizado o I Seminário de Cuidados como Recém-Nascido Pretermo, no auditório do Instituto Guimarães Rosa (antigo Centro Cultural Brasil-Moçambique), localizado em um casarão do período colonial na zona baixa da cidade de Maputo. A programação científica foi aberta com uma visita ao Banco de Leite do HCM guiada pela coordenadora dra. Sônia Bandeira. Trata-se do único banco de leite humano de Moçambique, uma iniciativa patrocinada pela Agência Brasileira de Cooperação em parceria com o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) e o HCM, que comemora cinco anos de existência.

A cerimônia de abertura contou com a participação da embaixada brasileira, representada pelo Ministro Conselheiro Romulo Neves, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC); da conselheira Natasha Agostini, do MISAU; da diretora do Programa Nacional de Pediatria de Moçambique, dra. Valéria Chicamba; e da presidente da Associação Moçambicana de Pediatra (AMOPE), dra. Carla Wale.

Durante a solenidade, foi feita a doação do material didático oferecido pela SBP (30 manuais do aluno do Curso de Transporte do Recém-nascido de alto risco e 3 ventiladores manuais da FANEN) e pela ABC (9 manequins de simulação realística modelo Neonatalie dark; 5 compressores usados para fazer funcionar os ventiladores; e 10 máscaras laríngeas).

O material doado pela SBP foi entregue à presidente da (AMOPE), dra. Carla Wale. Já o material doado pelo governo brasileiro, por meio da ABC, foi entregue ao MISAU, que, por um Termo de Cessão, o transferiu à AMOPE, mediante o compromisso de ser usado exclusivamente para a multiplicação dos cursos do recém-criado Programa de Reanimação Neonatal de Moçambique.

A seguir, foram apresentadas quatro palestras seguidas por debates. De manhã, os temas “Situação actual da Neonatologia em Moçambique”, com a dra. Ivana Dias, neonatologista e diretora do berçário do HCM; e “Particularidades da reanimação do recém-nascido menor de 34 semana, com a pediatra dra. Marcela Damásio Ribeiro de Castro, especialista em Direito Sanitário, membro do Grupo Executivo do PRN-SBP e coordenadora do Grupo de Trabalho Pediatria Internacional dos Países de Língua Portuguesa da SBP.

À tarde, aconteceram as palestras “Alimentação do recém-nascido prematuro”, ministrada pela dra. Marynéa Silva do Vale, pediatra neonatologista integrante do Grupo Executivo do PRN-SBP e integrante do Departamento Científico de Neonatologia da SBP; e “Ventilação do recém-nascido prematuro”, conduzida pelo dr. Jamil Pedro Siqueira de Caldas, pediatra neonatologista membro do Grupo Executivo do PRN-SBP.

O encerramento do Simpósio contou com a participação virtual do Dr. Édson Liberal, 1º vice-presidente da SBP, que acompanhou a certificação dos presentes e dos instrutores brasileiros. “É extremamente importante que a América Latina e a África sejam inseridas no contexto científico mundial e, em particular, a pediatria, pela força dos seus pediatras e das duas sociedades civis”, disse.

“Fizemos 343 treinamentos e formamos 73 instrutores, além de implementarmos as coordenações regionais. A delegação brasileira retorna ao Brasil com a sensação de dever muito bem cumprido, com a alegria de ter partilhado conhecimentos que foram recebidos com avidez, de ter trocado experiências profissionais e pessoais inesquecíveis e a certeza de que o recém-criado PRN de Moçambique, com autonomia e comprometimento, contribuirá para que os recém-nascidos moçambicanos tenham, cada vez mais, acesso a um nascimento seguro”, destacou a dra. Marcela Damásio.

Essa capacitação, missão oficial do governo brasileiro, foi organizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, com apoio da Associação Moçambicana de Pediatras e teve como objetivo apoiar a implementação do Programa Moçambicano de Reanimação Neonatal, que será conduzido por profissionais moçambicanos e adaptado às necessidades do país.