Em abril, diversos profissionais de saúde, entre médicos, fisioterapeutas, nutricionista e enfermeiros, chegaram ao Brasil para fazer residência no formato de fellowship em neonatologia, pediatria e infectologia. A cerimônia oficial de lançamento e assinatura de cooperação entre Brasil-Angola ocorreu no último dia 23, em Brasília (DF).
Os profissionais foram distribuídos em diversos hospitais universitários ao redor do País, entre eles o da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Uma das responsáveis pela condução da capacitação dos especialistas angolanos é a dra. Marynéa Silva do Vale, coordenadora da Regional Nordeste na Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
De acordo com a especialista, os profissionais permanecerão de dois a três anos no programa, que visa oferecer assistência focada na formação na área da saúde. O objetivo é fortalecer institucionalmente e compartilhar práticas bem-sucedidas nas áreas demandadas.
A cooperação Brasil-Angola ocorre por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra os hospitais universitários no Brasil. Também participam do programa de cooperação o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e o Ministério da Saúde (MS), acompanhada pela Embaixada do Brasil em Luanda.
“Para o desenvolvimento dessa parceria, considerou-se as necessidades de saúde de Angola e o compromisso desses profissionais que vieram de retornarem ao seu país como multiplicadores. As vagas de formação em pediatria, neonatologia e infectologia, no formato de fellowship, obedecerão à carga horária de acordo com legislação da CNRM e conteúdo que contemple as matrizes de competências da SBP e Sociedade Brasileira de Infectologia”, esclareceu dra. Marynéa.
MODELO - O Programa Fellowship oferece uma experiência de treinamento supervisionado em serviço, conduzido sob a orientação de médicos altamente qualificados em ética e profissionalismo, e fundamentado em evidências científicas atualizadas. Este programa é projetado para atender aos requisitos de subespecialidades específicas.
“Espera-se que as trocas educacionais em ambiente de ensino permitam aos colegas angolanos implementarem ações corretivas na assistência clínica e na gestão de processos. O objetivo é melhorar a qualidade do cuidado e encontrar soluções eficientes que contribuam para a redução dos indicadores de morbimortalidade infantil em Angola.”, destacou dra. Marynéa.
CAPACITAÇÃO – Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em Angola, um número elevado de crianças continua a morrer antes de completar os cinco anos, sendo que 35% dessas mortes ocorrem nos primeiros 28 dias de vida. A grande maioria destas mortes podem ser evitadas, por meio de hábitos saudáveis e intervenções simples, mas de grande impacto, como estímulo e fortalecimento do aleitamento materno.
Segundo dra. Marynéa, por meio da capacitação os profissionais estarão em contato diário com as várias situações clínicas e epidemiológicas no ambiente do Sistema Único de Saúde (SUS) e que acometem recém-nascidos e suas famílias. “Os profissionais que chegaram à São Luís e ao nosso hospital, referência em formação, estão encantados e esperançosos com a capacitação no sentido de retornarem à Angola e poderem implantar cuidado qualificado em saúde”, concluiu a pediatra.
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