Programa de Reanimação Neonatal da SBP treina médicos em Moçambique

  A Medicina brasileira, por meio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), faz escola ao redor do mundo. Em julho, mais de 80 médicos de Moçambique, um dos países com piores Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente africano, receberam capacitação em reanimação neonatal. O treinamento foi oferecido dentro do Programa de Reanimação Neonatal (PRN), organizado …

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O grupo de instrutoras do Programa de Reanimação Neonatal da SBP/SMP capacitou 80 profissionais em Reanimação Neonatal em Maputo, Moçambique.

 

A Medicina brasileira, por meio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), faz escola ao redor do mundo. Em julho, mais de 80 médicos de Moçambique, um dos países com piores Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente africano, receberam capacitação em reanimação neonatal. O treinamento foi oferecido dentro do Programa de Reanimação Neonatal (PRN), organizado pela SBP e reconhecido como um dos maiores e mais eficientes nesta área em todo o mundo. 

O relatório sobre o êxito da missão em Moçambique foi apresentado pela presidente da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), Maria do Carmo Barros de Melo, durante a reunião extraordinária do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), realizado em São Paulo, em 5 de agosto (sexta-feira). De acordo com ela, o Programa de Reanimação Neonatal contribuiu para o treinamento e capacitação de profissionais e instrutores, sendo que outras parcerias estão em andamento para a realização dos cursos PALS, Urgência e Emergência e CANP. 

A formação aconteceu na capital daquele País, Maputo, e contou com a coordenação das pediatras Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg, ambas da SBP.  O grupo brasileiro também deixou sementes em Moçambique: 21 profissionais foram treinados para serem instrutores e atuarem como agentes multiplicadores na região, difundindo, assim, o acesso às técnicas modernas e reconhecidas. 

A visita a Maputo resultou de uma missão diplomática liderada pela SMP, com o apoio da SBP, e que envolveu ainda a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Escritório de Representação Ministério das Relações Exteriores em Minas Gerais (Ereminas) e a Embaixada do Brasil em Moçambique.  Como parceiros locais, as entidades brasileiras contaram com o apoio fundamental da Associação Moçambicana de Pediatria e do Hospital Central de Maputo, que contribuíram para o sucesso do esforço. “Trata-se de uma iniciativa cujo resultado vai gerar frutos para a cooperação entre os dois países na área da pediatria, especificamente na neonatologia”, disse a presidente da SMP, Maria do Carmo. 

VOLUNTÁRIOS - Essa aproximação entre Brasil e Moçambique, no campo da Pediatria, começou quando, em 2012, a médica moçambicana Nilza Mussagy se especializou em pediatria e terapia intensiva em Belo Horizonte (MG), tornando-se instrutora do PRN.  Na ocasião, Marcela Damásio Ribeiro de Castro (membro do Grupo Executivo do PRN da SBP e responsável pelas Relações Internacionais na América Latina e Países de Língua Portuguesa), propôs a ida de um grupo de instrutores voluntários da SMP a Moçambique, com o objetivo de plantar uma semente do Programa naquele País. 

“Trabalho feito e executado com louvor”, segundo Maria do Carmo, presidente da SMP, que liderou a comitiva da época. O grupo foi composto ainda pelas instrutoras Márcia Gomes Penido Machado (PRN/MG), Sônia Matoso Calumby Hermont, Ana Maria Seguro Meyge, Ana de Castro Coutinho, além de Marcela Damásio. 

Os cursos do PRN foram muito bem avaliados pelos participantes moçambicanos, que pediram sua continuidade, com a realização de outras missões técnicas que, entre outras atividades, contribuiu para o fortalecimento da política de saúde local.  Como resultado do êxito alcançado, foi pedida a inclusão de novas capacitações na formação, entre elas, cursos de Reanimação Neonatal para Prematuros (menores que 34 semanas), Transporte do Recém-Nascido de Alto Risco, Urgência e Emergência em Pediatria, PALS (PediatricAdvanced Life Supportcredenciado pela American Heart Association/Suporte Avançado de Vida em Pediatria) e Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica (CANP), entre outros. 

REALIDADE AFRICANA – Como parte da programação, a equipe brasileira realizou visita técnica ao Hospital Central de Maputo, o maior do País, onde conheceu as condições de assistência e a contextualizou as capacitações em função da realidade de Moçambique.  Acompanharam a atividade, Valéria Chicamba, diretora Nacional de Pediatria em Moçambique; Natércia Fernandes, diretora da Sociedade Moçambicana de Pediatria; Paula Santos, diretora do Setor de Pediatria do Hospital; Sônia Bandeira, diretora do Setor de Neonatologia; e a pediatra Nilza Mussagy. 

Na oportunidade, a presidente da SMP e a instrutora Marcela Damásio, juntamente com o embaixador do Brasil em Moçambique, Rodrigo Baena Soares, se encontraram com Nazira Vali Abdula, ministra da Saúde do País, que elogiou o propósito da missão e a importância de uma maior integração entre o Brasil e Moçambique na área da assistência. Para ela, as capacitações permitirão a implantação do PRN na região, no futuro. Maria do Carmo se reuniu, ainda, com técnicos do Ministério da Ciência e Tecnologia local para discutir a possibilidade de a Associação Moçambicana de Pediatria incluir em programações de rádios comunitárias e centros de multimídia informações sobre a promoção da saúde. 

A equipe brasileira participou também do Simpósio Nacional de Atualização em Pediatria, quando Ussene Isse, representando a ministra da Saúde, destacou a importância da missão para a capacitação de médicos pediatras e a implantação do PRN, em Moçambique. Segundo disse, há interesse do governo local em dar continuidade a esse programa de intercâmbio e cooperação.  

Instituído em 1994, o PRN tem sido implementado, desde então, com o objetivo de disseminar conhecimentos atualizados relativos ao cuidado do neonato ao nascer, no transporte e na estabilização imediata após a reanimação, com a finalidade de reduzir a mortalidade associada à asfixia perinatal. Até o momento, já foram capacitados mais de 80 mil profissionais.