Hoje, está comprovado que a sobrevida de crianças vítimas de trauma ou de doenças graves é influenciada pela facilidade de acesso e qualidade do primeiro atendimento. A reanimação pediátrica inclui um grande espectro de considerações, que vão do planejamento do ambiente seguro para crianças e adolescentes, passam pela identificação precoce das situações de risco, pela qualidade dos cuidados pré-hospitalares e hospitalares, até a disponibilização de serviços de recuperação e reabilitação diferenciados para a criança nas suas várias faixas etárias e de acordo com as suas necessidades.
A reanimação pediátrica tem como objetivo mais amplo capacitar o maior número possível de pediatras, médicos em geral, outros profissionais de saúde e cuidadores de crianças no reconhecimento de situações de risco de morte, causadas pelo trauma ou por doenças agudas, e nas técnicas de ressuscitação cardiorrespiratória da criança.
Considerando uma afirmação universal de que “a criança não é um adulto em miniatura”, o atendimento médico de emergência para crianças sempre deveria ser realizado por pessoas treinadas para tal e deveria estar integrado aos Sistemas de Emergência nos níveis estadual, municipal e local. É, portando, fundamental enfatizar e estimular o treinamento de socorristas médicos ou não-médicos nas técnicas de atendimento e de ressuscitação cardiorrespiratória de crianças.
Com a reanimação pediátrica, inúmeros outros objetivos serão atingidos a médio e longo prazo, tanto nos profissionais de saúde quanto numa comunidade mais participativa, tais como:
(1) valorizar ações preventivas em relação à saúde e ao bem-estar da criança e do adolescente,
(2) estimular a comunidade a participar das políticas de implementação e melhoria das condições de atendimento de urgência da população,
(3) estimular a implantação de atitudes educativas de maior impacto na comunidade para a prevenção das situações determinantes de maior risco de morte,
(4) estimular a implantação de atitudes educativas para melhoria dos cuidados pré-hospitalares (primeiros socorros),
(5) monitorar as condições materiais para o acesso precoce da criança e do adolescente aos serviços de emergência na rede básica e nas instituições de referência,
(6) implementar melhores condições de transporte de urgência para instituições de referência.
O Programa de Reanimação Pediátrica da SBP foi criado no ano de 1998 com o objetivo de capacitar os pediatras em geral a reconhecer precocemente e atender adequadamente às crianças com iminente risco de morte e/ou com parada cardiorrespiratória. Através de convênio com a Sociedade Brasileira de Cardiologia / Fundação do Coração (SBC / Funcor), que detinha os direitos de divulgação dos cursos de ressuscitação da American Heart Association (AHA), a SBP iniciou a implantação de um projeto ousado de formação de pólos de treinamento do curso Pediatric Advanced Life Support (PALS) em várias filiadas no país.
Em setembro de 1998 ficaram definidos os oito pólos para capacitação de pediatras no curso PALS, tendo-se, então, iniciado o processo de formação de instrutores e de aquisição do material necessário para o curso. Foram definidas as filiadas RS, SC, SP, RJ, MG, BA, CE e PA, para sediar os pólos de treinamento. Após algumas dificuldades iniciais, em dezembro de 1999, foram implantados oficialmente os pólos de treinamento, com o envio do material básico para a realização dos cursos PALS, tendo colaborado para que isso ocorresse a parceria comercial com a Janssen-Cilag. À partir de setembro de 2001, aumentamos os pólos para dez, somando-se aos demais os pólos de PE e DF. Pudemos fazê-lo novamente com a parceria da Janssen-Cilag, que proporcionou parte dos recursos financeiros para a compra do material dos novos pólos e a complementação do material daqueles já existentes. Com os passar dos anos, mais filiadas se agregaram ao programa implantando os seus pólos (PR, PB e ES). Após 10 anos de realização dos cursos PALS no Brasil, hoje somos 13 pólos, tendo treinado mais de 5.000 pediatras.
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