A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) completa 100 anos dia 27 de julho próximo, terça-feira, Dia do Pediatra, quando fará o lançamento de 15 propostas que serão entregues aos candidatos à Presidência da República. No que está sendo chamado pelo presidente Eduardo da Silva Vaz de “plano para melhor desenvolvimento da infância e adolescência no País”, dentre outras reivindicações, o objetivo é dar ênfase à Puericultura, que deve ser estendida a toda população infantil, mais valorizada, atualizada e realizada pelo especialista, que é o pediatra.
A solenidade será às 13h, no Memorial da Pediatria Brasileira Lincoln Freire (Rua Cosme Velho, 381), no Rio de Janeiro, com a participação especial das crianças do Coral e do Teatro da Pediatria Brasileira. Também será realizada a quebra da pedra fundamental do museu, com a abertura dos documentos guardados, há dez anos, nesta “caixa do tempo”.
O que é a Puericultura defendida hoje pela SBP?
”É o acompanhamento da criança e do adolescente durante o seu crescimento e desenvolvimento. É prevenção e educação em saúde. Inclui novos conhecimentos de nutrologia, de saúde mental, discute a influência da internet, da televisão, dos exercícios físicos, do meio ambiente na vida das crianças e adolescentes. É cada vez mais cientificamente embasada, mais conectada ao aconselhamento familiar, à participação materna e paterna no cuidado com os filhos”, explica o dr. Eduardo.
A SBP propõe ao novo presidente da República que inclua, oficialmente, na sistemática do SUS e da Saúde Suplementar, o atendimento de Puericultura realizado por especialista em pediatria, conforme calendário previamente definido e aprovado pelo Ministério da Saúde. Isto previne intervenções desnecessárias, sofrimento, internações e também custos altíssimos com tratamentos diversos, o que já foi reconhecido tanto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), quanto pela União Nacional das Instituições de Autogestão (Unidas), em acordo assinado este ano com a SBP, que já é referência para negociações entre operadoras e instituições de saúde no País.
O que ocorre hoje é que a Puericultura não esta disseminada no Sistema Público e é pouco presente também na Saúde Suplementar, pela limitação de que consultas devem ser realizadas apenas para tratamento de doenças e com intervalo de 30 em 30 dias. Em 2006, pesquisa SBP/Datafolha mostrou que a grande maioria das mães gostaria de levar seus filhos sadios ao pediatra para o acompanhamento de seu crescimento e desenvolvimento.
SUS e PSF – A partir do movimento nacional da pediatria, algumas operadoras de saúde suplementar já entenderam a importância deste Atendimento Ambulatorial de Puericultura. “Precisamos intensificar esta ação no Sistema Público de Saúde, onde se encontram mais de 80% das crianças brasileiras. No SUS, a grande maioria é atendida por um profissional não pediatra no Programa da Saúde da Família, que não identifica os sinais e sintomas de alarme (déficit do crescimento, distúrbio de aprendizado, etc). A SBP quer levar mais qualidade a todo atendimento pediátrico no País”, assinala o dr. Eduardo.
Projetos de lei
Com a senadora Patrícia Saboya, a Sociedade elaborou ainda dois projetos de lei que visam garantir o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento de crianças e adolescentes no SUS e na Saúde Suplementar (PLs 227/08 e 228/08) e que tramitam no Congresso Nacional. A íntegra dos PLs está disponível em “Defesa Profissional” a partir da capa do portal!
Informações complementares
História da entidade, da pediatria e museu
Maior entidade de especialidade médica do país, a Sociedade foi fundada em 1910 por um grupo do Rio de Janeiro liderado pelo dr. Antônio Fernandes Figueira e que visava melhorar a qualidade da assistência às crianças. Hoje reúne cerca de 17 mil associados, tem 27 filiadas, organizadas em todos os estados e no Distrito Federal e 25 departamentos científicos das diferentes áreas de atuação da medicina. Há ainda um grupo de professores que são referência e integram a Academia Brasileira de Pediatria (ABP). Parceira de instituições como a OAB e o Ministério da Saúde, a Sociedade tem elaborado projetos de lei vitoriosos no Congresso Nacional e que já transformam a vida das famílias. É filiada à Associação Médica Brasileira (AMB).
Assistência no início do século
Nas primeiras décadas do século XX, o tratamento das doenças infantis era feito essencialmente com a utilização de remédios, a maioria atualmente em desuso. Muitos métodos utilizados são considerados hoje verdadeiras monstruosidades. Pode-se citar o tratamento do sarampo – em que o banho era proibido e o paciente confinado em um quarto quente e fechado, podendo apenas beber água morna. Além disso, até a década de 30, não era comum o pediatra participar do momento do nascimento, atendendo a criança apenas depois de uma semana. Nos partos mais complicados, utilizavam-se do cranioclasto – instrumento que furava e esmagava a cabeça do feto, para que a mãe pudesse ser salva. Apesar de configurar infanticídio , o procedimento era plenamente legal. (Livro “Um compromisso com a esperança”, escrito pelo jornalista Glauco Carneiro e editado pela SBP, pág. 181 a 183).
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