Atingir os princípios do SUS de integralidade e equidade em um País com um vasto território, diferentes especificidades culturais e socioeconômicas, acesso aos serviços de saúde nem sempre possível, faz com que um número considerável de partos aconteça em locais que podem significar um desafio para a mãe e para o bebê. Sabemos que na maioria das vezes o parto ocorre sem grandes dificuldades, pois os estudos evidenciam que a cada 10 bebês, 9 nascem com boa vitalidade.
Ao avaliarmos a fisiologia do nascimento acreditamos que muitos obstáculos precisam ser ultrapassados, pois as mudanças na circulação utero-placentária e adaptação pulmonar são muito importantes na arte de respirar no primeiro minuto, portanto nascer em ambientes onde não seja articulado cuidado específico para retirar o recém-nascido da zona de risco, pode aumentar a morbi- mortalidade desta população. Pensar que, em torno de 10% dos partos nas capitais das regiões norte-nordeste ocorrem a muitos quilômetros de distância de Serviços de Saúde Terciários, que são os mais adequados para o atendimento de risco de acordo com a classificação das Redes de Atenção, desperta a curiosidade de todos os profisssionais de saúde sobre o que fazer com os neonatos que nascem sem respirar.
Nesse sentido, o treinamento das Parteiras Tradicionais em Reanimação Neonatal faz parte de um conjunto de ações desenvolvidas pelo Programa de Reanimação da Sociedade Brasileira de Pediatra (PRN-SBP), que se propõe a fortalecer as Redes de Assistência ao parto e nascimento e com isso reduzir os índices de mortalidade neonatal precoce, cujos percentuais permanecem com redução lenta e tem na asfixia neonatal uma de suas principais causas. O PRN-SBP desenvolveu um treinamento específico para Parteiras Tradicionais, que atendem o binômio mãe-filho na hora do parto e nascimento, quando inicialmente é feito uma conscientização dos riscos do nascimento em domicílio, com a presença de fatores de risco tais como prematuridade, hipertensão arterial, quadros infecciosos, distocias e principalmente apresentações anômalas. Nesses casos, a gestante deve ser encaminhada à maternidade mais próxima. A capacitação foi desenhada nos moldes dos programas para médicos e outros profissionais de saúde.
Considerando o ambiente domiciliar, as Parteiras Tradicionais são treinadas durante 8 horas e certificadas. Após o curso recebem um kit contendo material específico para manutenção de vias aéras pérvias (bulbo de borracha) e ventilação com pressão positiva (balão e máscara), além de estetoscópio pediátrico e tesoura de ponta romba. As técnicas de aquecimento das toalhas e manutenção da temperatura corpórea para evitar a perda de calor também foram inseridas em todo contexto do curso. Avaliação e reavaliação de frequência cardíaca e respiração são exercícios de fácil aprendizado que as parteiras executam de forma prática. O transporte do recém-nascido para o hospital é realizado após a estabilização e boa vitalidade e através do contato pele a pele, na posição canguru, ou ainda envolto em saco plástico de polietileno nos casos de prematuridade e muito baixo peso. Durante o treinamento, é reforçado para as Parteiras Tradicionais, as boas práticas ao nascimento do bebê com boa vitalidade, como clampeamento tardio, contato pele a pele e amamentação na primeira hora de vida.
Atualmente já foram treinadas mais de 500 parteiras (AC, AM, AP, PA, TO, RR; MA, PB, PE, PI, RN) e acreditamos que todas as crianças mereçam o melhor atendimento possível, independente do local do parto e nascimento.
Rossiclei de Souza Pinheiro – Amazonas
Marynea do Vale – Maranhão
Grupo Executivo do PRN-SBP
Atualização Nov/2014
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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