Representantes da SBP debatem tendências e ações preventivas na alimentação infantojuvenil durante o 4º Fórum Nacional de Nutrição

O dr. Cláudio Leone, membro do Grupo de Trabalho de Metodologia Científica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), representou a instituição no 4º Fórum Nacional de Nutrição, realizado pelo Grupo de Líderes Empresarias (LIDE). Na oportunidade, ele foi um dos debatedores da mesa-redonda “Alimentação equilibrada – Comer bem e comer com prazer”.  

Segundo o especialista, na rodada foram abordados diversos aspectos atuais sobre o tema, como a crescente expansão do aumento da obesidade entre as crianças e discutidas propostas para prevenir esse problema. Diferentes aspectos relacionados à alimentação e à nutrição de crianças e adolescentes têm sido discutidos no âmbito da SBP em seus Departamentos Científicos, inclusive com orientações expressas em documentos produzidos pela entidade.

MULTISSETORIAL - “Foi um debate importante para que se possa trabalhar para a solução do problema, que não tem uma causa única. A eventual reversão desse quadro é multissetorial e envolverá a participação e o empenho de todos no combate à obesidade infantil. Um doa agentes fundamentais nesse processo é o pediatra,  que tem um importante papel como educador e na promoção da alimentação saudável para as crianças na primeira infância”, destacou o dr. Cláudio.

O evento, ocorrido na última terça-feira (26), em São Paulo (SP), contou também com a participação de diversos profissionais das áreas de nutrição e endocrinologia, empresários do setor, autoridades públicas e jornalistas. O objetivo do encontro foi promover o debate sobre tendências, comportamentos, conceitos nutricionais e ações preventivas na alimentação infantil, juvenil e adulta.

Ciente da relevância do tema e preocupada com os seus desdobramentos na saúde da população, a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, acompanhou – mesmo à distância – os debates empreendidos no 4º Fórum Nacional de Nutrição. Segundo ela, “é sempre bom que a Sociedade Brasileira de Pediatria atue de forma integrada com todas as instituições preocupadas com o futuro das crianças e adolescentes, sobretudo no que diz respeito à sua alimentação”, frisou.

O encontro contou ainda com a exposição do dr. Mauro Fisberg, membro do Departamento Científico de Nutrologia Pediátrica da SBP. Ele também é diretor do Núcleo de Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI – Hospital Infantil Sabará e curador do Fórum. “Ficou muito claro que nós sabemos quais são os problemas: o excesso de peso, a carência nutricional, a obesidade como uma epidemia global, a fome oculta, a epidemiologia relacionada a densidade e volume dos alimentos e o descontrole da informação”, comentou.

PREVALÊNCIA - Os dados do Vigitel Brasil 2016, inquérito nacional organizado pelo Ministério da Saúde, delineam a gravidade do problema. Em 10 anos, a prevalência da obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros.

Segundo a pesquisa, o crescimento da obesidade é um dos fatores que pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que piora a condição de vida do brasileiro e podem até matar. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016.

De acordo com relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), a obesidade e o sobrepeso vêm aumentando no Brasil assim como em toda a América Latina e Caribe, com um impacto maior nas mulheres e uma tendência de crescimento entre as crianças.

De acordo com o levantamento, intitulado “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso, num total de 360 milhões de pessoas, e a obesidade afeta 140 milhões, ou 23% da população regional.

Outro dado do relatório é o aumento do sobrepeso infantil no Brasil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%. Para a OMS, o panorama acende um alerta para toda a sociedade e também para o governo. (Com informações do Ministério da Saúde e da Agência Globo).