Na tarde desta quarta-feira (3), mais de dez mil médicos, estudantes, residentes e profissionais de outras áreas de saúde saíram em passeata pela Avenida Paulista, em São Paulo. O ato faz parte das mobilizações que aconteceram no Brasil inteiro. Com faixas, cartazes, distribuição de panfletos para motoristas e transeuntes e gritos de “Vai pra casa, Padilha”, a manifestação foi também uma forma de tentar conscientizar a sociedade sobre os reais problemas da saúde.
“O diagnóstico (do Ministério da Saúde) está errado, o que é necessário é melhorar o financiamento, gestão, acabar com a corrupção e dar a infraestrutura adequada para os médicos trabalharem”, declarou Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira.
Uma das principais reivindicações dos manifestantes é a proposta de importação de médicos estrangeiros para atendimento em áreas de difícil provimento. De acordo com o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão: “existem médicos suficientes para dar atendimento à população, o que falta é uma política de saúde que possa efetivamente fixar os médicos nessas regiões mais remotas ou nas periferias dos grandes centros urbanos”.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Renato Azevedo, ressaltou que o movimento não é contra a entrada de profissionais, mas defendeu a avaliação da formação: “Nós não temos nada contra médicos formados no exterior virem trabalhar no Brasil desde que eles se submetam ao processo de revalidação de seus diplomas conforme a lei brasileira prevê. Já existem inúmeros médicos do exterior trabalhando no país que se submeteram ao processo”.
Formada há 25 anos, Marta Sevillano disse nunca ter visto mobilização parecida desde que entrou na medicina. A representante do Sindicato dos Médicos de São Paulo lembrou também que um dos argumentos do ministro da saúde Alexandre Padilha usa com frequência para justificar a proposta de importação é a quantidade de médicos estrangeiros em países como Estados Unidos e a Inglaterra. “Com certeza esses países têm muitos profissionais que vieram do exterior, mas eles passaram por uma prova, foram rigorosamente certificados e podem realmente atender. Mas também não adianta colocar um monte de gente segurando na mão das pessoas só pra dizer que é medico”, acrescentou.
Cerca de mil médicos foram dispensados do Hospital das Clínicas para participar das manifestações que ocuparam as duas vias da avenida, em um trajeto pacífico, dirigindo-se até o gabinete de representação da presidência da República, onde lideranças médicas protocolaram documento com as principais reivindicações da categoria a ser entregue à presidente Dilma. O diretor da Faculdade de Medicina da USP, José Otávio Auller, acompanhou o movimento junto com os alunos: “Estou aqui como médico, mas também como cidadão. É um movimento mais do que justo, uma vez que querem repassar para os médicos uma falha do sistema de saúde do país, nós não podemos resolver todos os problemas”.
Dentre as principais reivindicações das entidades médicas nacionais, frente ao cenário atual que se encontra a medicina e a saúde pública nacional, estão a criação de Carreira de Estado para médicos, visando a interiorização de profissionais, remuneração de forma justa aos profissionais, atuação contra a importação de médicos estrangeiros sem a revalidação de seus diplomas; melhor financiamento para a saúde; melhoria nas estruturas de atendimento à população; reestruturação do decreto presidencial 7562, que alterou a Comissão Nacional de Residência Médica.
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