Desde o início da pandemia, mais de 2 mil crianças e adolescentes perderam a vida para a covid-19 no Brasil. Essas mortes superam o total de óbitos decorrentes de todas as doenças imunopreveníveis na infância no País. Por isso, a importância da vacinação, que pode conferir a prevenção de doenças, além da proteção da comunidade. As informações constam no novo documento divulgado pelo Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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O documento informa que “embora os fatores de risco para complicações e óbitos pela doença em crianças e adolescentes ainda não estejam bem definidos, algumas publicações têm demonstrado alguns grupos de maior vulnerabilidade”. Segundo a publicação, menores de dois anos e maiores de 12 anos apresentaram risco pelo menos duas vezes maior do que as crianças de 2 a 11 anos. Entre os fatores associados a um maior risco de morte, esclarecem os especialistas, estão as condições médicas pré-existentes, região geopolítica e etnia indígena.

Segundo destaca o texto, ainda que as crianças tenham frequência menor de covid-19 sintomática do que adultos, escolas, esportes juvenis e outros encontros da comunidade podem representar fontes importantes de surtos e transmissão, a despeito da imunização de adultos. “A vacinação de adolescentes permitirá que eles se reintegrem à sociedade e retomem o aprendizado presencial com segurança, que são resultados especialmente importantes, dados os graves efeitos da pandemia de covid-19 na saúde mental dessa população”, aponta.

EFEITOS ADVERSOS –  O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos avaliou casos raros de miocardite ou pericardite em adolescentes e adultos jovens após o uso de vacinas de RNA mensageiro contra a covid-19. No entanto, o órgão segue com a recomendação deste tipo de vacina em adolescentes, considerando que os benefícios são maiores que os riscos de efeitos adversos raros, sobretudo na situação epidemiológica atual, com a circulação da variante delta, que é mais transmissível.

No Brasil, a vacinação para a população de 12 a 15 anos começou a partir de 15 de setembro, exclusivamente com o imunizante Comirnaty do laboratório Pfizer, que utiliza a tecnologia RNAm. “Embora até o momento a vacina tenha se mostrado segura para adolescentes, recomenda-se monitoramento contínuo de eventos adversos associados às vacinas com a devida notificação de ocorrência dos mesmos aos órgãos competentes”, informa.

RECOMENDAÇÕES ­–  Por meio do Departamento Científico de Imunizações, a SBP recomenda a aplicação da vacina covid-19 de RNAm da Pfizer para todos os adolescentes maiores de 12 anos, “tendo como base os estudos clínicos desenvolvidos com esta vacina neste grupo etário, o licenciamento pela Anvisa para uso da mesma no Brasil e a experiência de uso em outros países”.

Para os especialistas da SBP, com o aumento da vacinação completa em adultos, os casos graves, que incluem hospitalizações e mortes, tendem a se voltar para as populações não vacinadas, ocorrendo, dessa forma, um aumento dos casos na população pediátrica. 

A SBP ressalta que em decorrência da vulnerabilidade social, devem ser considerados prioritários para vacinação adolescentes gestantes e com comorbidades, adolescentes pertencentes a povos indígenas, moradores de rua e aqueles privados de liberdade. 

O documento foi organizado pelo presidente do DC de Imunizações, dr. Renato Kfouri, com o suporte dos especialistas dra. Tânia Cristina Barros Petraglia (secretária), Eduardo Jorge da Fonseca Lima (Relator), Helena Keico Sato, Heloisa Ihle Giamberardino, Solange Dourado de Andrade, Sonia Maria de Faria (Relatora), Ricardo Queiroz Gurgel, e Maria do Socorro Ferreira Martins.