O Ministério da Saúde divulgou o investimento de R$ 335 milhões para ampliação do cuidado às gestantes e recém-nascidos no Sistema Único de Saúde (SUS). A ação visa reduzir os índices de partos prematuros no Brasil, que correspondem a uma das principais causas de mortalidade infantil nos primeiros cinco anos de vida. Tendo em vista a importância do tema, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) está acompanhando atentamente as ações promovidas pelo Ministério e que foram divulgadas em evento online na última quinta-feira (26).

De acordo com a presidente do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, dra. Maria Albertina Santiago Rego, a iniciativa pode auxiliar o cenário brasileiro. Para ela, o Brasil possui quatro grandes problemas na saúde perinatal: prematuridade, malformações congênitas, asfixia e infecções, a maioria deles potencialmente evitável por ações no pré-natal, parto e período neonatal.

“A implantação de estratégias e ações com foco na prematuridade impactarão positivamente nas outras causas associadas aos desfechos desfavoráveis perinatais. Por isso, observa-se que temos duas grandes vertentes de trabalho: avançar na regionalização do cuidado perinatal e nos pontos de atenção da rede e trabalhar os microprocessos clínicos” destaca.

A especialista reforça que os elementos que dão sustentação aos pontos de atenção incluem a regulação, transporte, sistema farmacêutico, sistemas de registro clínico, sistema de registro para o monitoramento e a governança da rede, nos vários pontos de gestão, e que precisam também ser incluídos no processo de reestruturação da rede materno-infantil.

“O investimento financeiro e os investimentos de mobilização social da sociedade civil organizada, além do apoio técnico e de gestão das sociedades científicas, como o grande trabalho da SBP, intensificado no mês da prematuridade, sem dúvida, impactará na saúde materno-infantil mesmo frente às adversidades da pandemia de Covid-19", salienta.

ESTRATÉGIAS - Segundo a Portaria nº 3186, assinada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, parte da verba será para promover a melhoria de 692 maternidades no País, com a compra de equipamentos, qualificação da assistência e acompanhamento às gestantes, parturientes, recém-nascidos e puérperas, durante a pandemia de Covid-19.

Para o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente, o investimento na atenção básica é fundamental. “Mais de 50% dos partos prematuros podem ser evitados. É muito importante reforçar o acompanhamento da gestação desde o início, principalmente na pandemia, para que o acompanhamento e o momento do parto sejam feitos com a maior segurança possível”, apontou.

O incentivo financeiro também será direcionado para promoção e ampliação de iniciativas de apoio ao aleitamento materno, por meio dos bancos de leite. A medida visa fortalecer a Política Nacional de Aleitamento Materno e Bancos de Leite Humano. A estratégia QualiNEO também receberá verba para qualificar a atenção e o cuidado aos bebês nas maternidades brasileiras.

Dra. Albertina ressalta também que apesar de os elementos que compõem a rede materno-infantil estarem elencados nas Portarias, é fundamental o cuidado materno-infantil que envolve a abrangência e integração do cuidado perinatal, tendo como diretriz a organização da atenção perinatal e a estratificação de risco gestacional.

MÊS DA PREMATURIDADE – Em alusão ao Novembro Roxo, mês marcado pela sensibilização à prematuridade, a SBP elaborou uma série de lives sobre o tema. Em todas as semanas do mês, novos tópicos sobre o cuidado ao recém-nascido prematuro foram debatidos, como: “Implementando metodologias da qualidade no cuidado ao recém-nascido pré-termo”; “Interação cardiorrespiratória: fisiologia para monitoramento e estratégias do cuidado”; “Aspectos nutricionais nos resultados da prematuridade”; e “Integrando o cuidado ao prematuro”. A campanha da SBP também incluiu a transmissão “Para famílias: pais e cuidadores de prematuros”, aberta ao público.

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