A gagueira é um distúrbio de base neurológica, iniciado na infância, que altera os padrões normais da fala. Para auxiliar os pediatras na identificação precoce desse problema, que pode causar grande impacto na vida do portador e de seus familiares, o Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou nesta semana um novo documento sobre o tema.
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De acordo com o texto, as rupturas involuntárias da fala que interferem em sua velocidade e continuidade podem ser caracterizadas como disfluências comuns ou típicas da gagueira. Em indivíduos fluentes, essas manifestações ocorrem em cerca de 10% das falas, embora apenas 3% desse total deva corresponder às disfluências típicas da gagueira.
Algumas das situações recorrentes que devem levantar a suspeita do distúrbio são: repetição de palavras não monossilábicas, de segmentos ou frases inteiras; hesitação ao falar; além do uso frequente de interjeições e palavras incompletas. Segundo o documento, a ciência ainda não apresentou todas as causas da gagueira, mas é possível afirmar que o problema não é psicológico ou emocional, assim como não faz parte do desenvolvimento normal da fala e da linguagem da criança.
CARACTERÍSTICAS – Com surgimento predominante por volta dos dois anos de idade, a gagueira tem taxa de incidência em cerca de 5% da população infantil mundial, com taxa de remissão espontânea entre 50% a 80%. Pode ter início abrupto, intermitente ou gradual. Se características do problema forem diagnosticas precocemente e encaminhadas à assistência fonoaudiológica, a instalação da gagueira pode ser evitada na grande maioria dos casos.
“Quanto maior o risco, mais rápido deve ser realizada a avaliação por fonoaudiólogo especialista em fluência. Assim, poderão ser tomadas as providências que se fizerem necessárias, sejam orientações à família e à escola ou intervenção direta por intermédio de sessões de fonoterapia especializada em fluência”, enfatiza o texto.
Entre os fatores de alto risco para que a gagueira se torne crônica, o documento destaca os seguintes: histórico familial positivo para gagueira; ser do sexo masculino, uma vez que meninos apresentam menores condições neurocentrais para a recuperação espontânea; alteração de fala como distúrbios fonéticos; idade da criança na época do surgimento, pois quanto mais cedo surgir, menor o risco de cronificação; pouco estímulo e empecilhos ambientais para a fala; entre outros.
O Departamento Científico de Otorrinolaringologia da SBP é composto pelos drs. Tania Maria Sih (presidente); Ricardo Neves Godinho (secretário); José Faibes Lubianca Neto; Maria Beatriz Rotta Pereira; Melissa Ameloti Gomes Avelino; e Silvio Antônio Monteiro Marone. A elaboração da publicação contou ainda com o auxílio das relatoras Ignês Maia Ribeiro e Mirela Pollini Caputo.
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