O uso rotineiro da ultrassonografia no pré-natal e os registros de doença renal crônica provocaram mudanças significativas na abordagem da infecção do trato urinário (ITU), nas últimas décadas. A afirmativa consta no documento científico "Infecção do Trato Urinário em Pediatria – Existe consenso entre os consensos? – Atualização 2021", divulgado na última semana pelo Departamento Científico de Nefrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O objetivo da publicação é atualizar os pediatras com as informações mais recentes sobre o tema e apresentar uma abordagem prática no manejo da ITU febril em crianças menores de dois anos de vida. A publicação informa os pediatras sobre a definição, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prevenção da infecção.
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A ITU pode ser dividida em três categorias: cistite (infecção urinária baixa), pielonefrite e bacteriúria assintomática. O estudo explica que a distinção entre elas é difícil, mas as categorias auxiliam na tomada de decisão sobre o tratamento e investigação. Segunda infecção bacteriana mais frequente na pediatria, ela atinge 8,4% das meninas e 1,7% dos meninos menores de sete anos de idade, além de possuir alto risco de recorrência durante o primeiro ano do episódio inicial.
No primeiro ano de vida, a infecção afeta igualmente os dois gêneros. De acordo com o documento, a infecção tem maiores picos de incidência no lactente, na segunda infância e na adolescência. Nesse contexto, a publicação destaca os sintomas mais frequentes em cada fase.
Os recém-nascidos e lactentes podem apresentar febre sem foco aparente, vômitos, diarreia, icterícia persistente, recusa alimentar, irritabilidade, quadro de septicemia. Já crianças pré-escolares podem ter urina fétida, dor abdominal, disúria, polaciúria, incontinência, urgência miccional, febre.
Crianças na fase escolares apresentam os mesmos sintomas miccionais descritos anteriormente, mas também enurese secundária, além de dor lombar e febre nos casos de pielonefrite. Nos adolescentes, a ITU pode provocar disúria, polaciúria, urgência miccional e, nos casos de pielonefrite, dor lombar e febre.
Os especialistas explicam que, no tratamento, não há antibiótico padrão ouro. No documento, eles apresentam quais são os antibióticos comumente utilizados na condução terapêutica da infecção urinária febril e afebril; as indicações relativas à resistência antimicrobiana e tempo de tratamento adequado; comparação das principais diretrizes na abordagem da infecção urinária em Pediatria; e fluxograma de manejo inicial da ITU febril em menores de 2 anos. Ao fim, é alertado que o prognóstico da infecção é bom quando diagnosticado e tratado precocemente.
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