A incorporação da vacina meningocócica ACWY como reforço para os adolescentes, no Calendário Nacional de Vacinação do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI) foi uma importante conquista para a proteção deste público-alvo. A defesa da incorporação junto à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aconteceu neste mês e teve como relator o presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Marco Aurélio Sáfadi.
“A participação brilhante do professor Marco Sáfadi como expositor foi determinante para o sucesso dessa incorporação junto ao Conitec. Para a SBP, esta é uma importante conquista que visa a proteção dos nossos adolescentes brasileiros”, destaca a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva.
Relator na defesa junto ao Conitec, dr. Marco Aurélio Sáfadi reforça que a introdução da vacina ACWY é uma grande conquista para os adolescentes”. Conseguimos reverter a decisão inicial da Comissão com uma votação unânime favorável ao nosso recurso. Foi de fato uma vitória das crianças, adolescentes e de toda a sociedade”, comemora.
Ele explica que as vacinas MenACWY mostraram-se imunogênicas em todas as populações e faixas etárias estudadas, com respostas robustas de reforço. Segundo ele, a persistência de anticorpos tem sido demonstrada até pelo menos dez anos após a vacinação em diferentes faixas etárias.
“Dados do mundo real mostraram que as vacinas MenACWY são seguras e eficazes quando usadas em programas de imunização de rotina e estão cada vez mais sendo recomendadas e substituindo as vacinas MenC globalmente”, salienta.
RECOMENDAÇÃO – A vacina – indicada para a prevenção da doença meningocócica invasiva – proporciona a imunização contra a bactéria Neisseria meningitidis dos grupos A, C, W e Y. As Sociedades Brasileiras de Imunizações (SBIm) e de Pediatria (SBP) recomendam, em seus calendários da criança e do adolescente, sempre que possível, o uso preferencial da vacina meningocócica conjugada ACWY (MenACWY) no primeiro ano de vida (iniciando aos 3 meses de idade) e reforços. O esquema primário varia conforme a vacina utilizada e a idade em que é iniciado. Em todas as situações está recomendada uma dose de reforço no segundo ano de vida (entre 12 e 15 meses).
Levando em consideração o atual cenário epidemiológico da doença no Brasil e em função da redução progressiva dos títulos de anticorpos protetores e da perda da proteção conferida pelas vacinas meningocócicas conjugadas (MenC ou MenACWY), a SBIm e a SBP recomendam também doses de reforço entre 5 e 6 anos e aos 11 anos, ou, quando há atraso no início da imunização, com 5 anos de intervalo entre elas. Para adultos, a recomendação se restringe a situações epidemiológicas (viagens ou surtos) ou presença de comorbidades que aumentem o risco para a infecção.
DISTRIBUIÇÃO – O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a disponibilizar a vacina gratuitamente neste ano. Segundo o Ministério da Saúde, a justificativa para a introdução da vacina é “garantir a sustentabilidade da oferta da vacina contendo o sorotipo C para a população-alvo, além de proteger contra o sorogrupo W, considerando a gravidade da doença”.
Na faixa etária dos adolescentes entre 10 e 19 anos, no período de 2015-2019, o sorogrupo C foi responsável por 37,5% dos casos, seguido pelo sorogrupo B (8,3%) e, em terceiro lugar, o sorogrupo W (3,5%).
A meningite é uma doença de rápida evolução e com altas taxas de complicações, sequelas e letalidade, e que impõe a necessidade de estratégias de prevenção pela vacinação. No Brasil, a doença acomete indivíduos de qualquer faixa etária, sendo metade dos casos notificados em menores de cinco anos de idade, especialmente no primeiro ano de vida.
Estima-se que no mundo ocorram 500 mil novos casos da doença meningocócica por ano, sendo 50 mil óbitos. Uma doença súbita, potencialmente fatal, a doença meningocócica mata em média uma pessoa a cada oito minutos no mundo.
Tipicamente, ela se manifesta como meningite (bacteriana) – uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Uma forma menos comum, mas muito mais grave (muitas vezes fatais) de doença meningocócica é a septicemia meningocócica, que é caracterizada por uma erupção cutânea hemorrágica e colapso circulatório rápido. A doença tem rápida evolução e pode levar à morte entre 24 e 48 horas desde os sintomas iniciais; até uma em cada 10 pessoas infectadas pode morrer.
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