A revista internacional The Lancet acaba de publicar um artigo científico sobre a evolução sistemática da carga de doenças no Brasil. O texto, elaborado pelo grupo brasileiro de colaboradores do Estudo Global da Carga de Doenças 2016 (GBD 2016, sigla em inglês), apresenta indicadores quantitativos consolidados, que abrangem o período de 1990 a 2016, sobre expectativa de vida (LE), anos de vida perdidos (YLLs), anos vividos com incapacidades (YLDs) e anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs).
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Os dados contemplam os 26 estados do País, além do Distrito Federal, e demonstram algumas mudanças nas características das causas de mortes da população brasileira, como a transição epidemiológica para doenças não transmissíveis e o surgimento da violência interpessoal como uma nova preocupação em saúde.
O presidente do Departamento Científico de Imunizações, dr Renato Kfouri, considera o documento uma importante publicação em virtude de seu conteúdo que permite diferentes análises sobre o perfil epidemiológico do País. Após ter tomado conhecimento do texto, o repassou para a análise da Diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
COMPARTILHADO - Dra Luciana Rodrigues Silva, presidente da entidade, determinou que o artigo fosse compartilhado com os departamentos científicos, em especial com os membros dos DCs de Infectologia e de Imunizações, assim como com todos os pediatras. “É fundamental que tenhamos acesso a informações desse tipo, o que ajuda os especialistas a compreender melhor o conteúdo da saúde brasileira e validar suas escolhas diagnósticas e terapêuticas”, ressaltou.
Segundo o texto, mudanças ocorridas nos últimos 50 anos no contexto político e econômico contribuíram para facilitar o acesso aos serviços de assistência médica, sobretudo a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS). De modo geral, paralelamente ao aumento das condições sociodemográficas no Brasil, o estudo evidência um declínio das taxas de doenças e mortalidade padronizadas por idade.
“Nacionalmente, as taxas de mortalidade padronizadas por todas as causas caíram 34% entre 1990 e 2016. As maiores quedas foram registradas entre os estados do eixo Sul-Sudeste: 40,9% em São Paulo e 40,1% em Santa Catarina. Por outro lado, as quedas menos expressivas ocorreram nos estados da região Norte e Nordeste: –1,5% no Piauí; e 9% no Amapá”, aponta a publicação.
ESTRATÉGIAS - A expectativa de vida aumentou de 68,4 anos, em 1990, para 75,2 anos, em 2016. A taxa padronizada de YLD diminuiu ligeiramente no mesmo período, saindo de 11354·9 para 11011·7, o que corresponde a uma queda de 3%. No geral, os índices demonstram que, de 1990 a 2016, a infraestrutura e estratégias em saúde no País avançaram, no entanto, as melhorias e o impacto das doenças ainda variaram de forma contrastante entre os estados.
“O desafio remanescente será abordar as desigualdades regionais de saúde remanescentes. A distribuição atual dos recursos deve ser realinhada para atender de forma eficiente os encargos específicos do ponto de vista geográfico. Este estudo apresenta uma análise minuciosa das desigualdades e mostra que, em geral, os resultados de saúde são melhores nas regiões Sul e Sudeste em comparação com o Norte e Nordeste. As descobertas podem ajudar a identificar desafios, sucessos e lacunas de pesquisa que os formuladores de políticas podem usar para melhorar a saúde de todos os brasileiros”, conclui o artigo.
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