“O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de covid-19” é o tema da nota de alerta recém-publicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O material, elaborado pelo Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza da SBP, contou com apoio do Instituto Alana, e destaca o impacto negativo da pandemia da covid-19 na saúde física e mental das crianças e nos adolescentes e como o contato com a natureza pode ter um importante na recuperação dos mais jovens.
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O texto apresenta estudos nacionais e internacionais que evidenciam aumentos significativos nos casos de depressão, ansiedade, sedentarismo e mudanças no comportamento de indivíduos nessa faixa etária durante esse período. Pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), por exemplo, mostrou que, durante a pandemia, 27% das crianças de zero a três anos voltaram a ter comportamentos de quando eram mais novas, segundo a percepção dos pais. Outro levantamento, também realizado pela FMCVS, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), constatou que durante a suspensão das aulas na pré-escola, crianças com idades entre quatro e cinco anos apresentaram sinais de déficit no desenvolvimento da expressão oral e corporal.
Por outro lado, o texto destaca um amplo estudo nacional desenvolvido no Canadá, no qual meninos e meninas foram ouvidos sobre a experiência de brincar e acessar áreas abertas e naturais durante esse período. Os participantes pontuaram a influência dessas vivências em experiências escolares mais satisfatórias, mais bem-estar, atividade física mais frequente, menos tempo de telas e menos estresse.
A SBP frisa que o reconhecimento do direito ao brincar e ao convívio externo, ao ar livre e em contato com a natureza, está fundamentado em diversos marcos legais ligados à infância, e é reconhecido pela entidade como uma prioridade. Por isso, a nota enfatiza a necessidade de dar acesso às crianças, jovens e famílias a espaços naturais diversos e acolhedores, para a recuperação de sua saúde e bem-estar, bem como para o fortalecimento de vínculos e conexões sociais. Salienta, ainda, a urgência do aumento do número de áreas verdes seguras e conservadas, distribuídas de forma mais equânime no território.
Aos pediatras e famílias, os especialistas recomendam orientar as crianças e adolescentes para que, ao menos por uma hora, brinquem e convivam com a natureza, para que possam se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social. A SBP reafirma, ainda, a importância de que sejam tomados todos os cuidados necessários em relação à covid-19, como a visita a locais ao ar livre sem aglomeração e fora do horário de pico; uso de máscaras; higienização das mãos com frequência; e, em caso de passeios em pequenos grupos com outras famílias e amigos, que não se compartilhe alimentos, bebidas e utensílios.
O Grupo de Trabalho Criança, Adolescente e Natureza é composto pelos especialistas: Luciana Rodrigues Silva; Maria Isabel Amando de Barros; Daniel Becker; Dirceu Solé; Evelyn Eisenstein; Liubiana Arantes de Araújo; Maria Isabel Amando de Barros; Ricardo Ghelman; e Virgínia Weffort.
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