SBP divulga Calendário de Vacinação 2021

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de publicar o Calendário de Vacinação 2021. O documento, elaborado pelos Departamentos Científicos de Imunizações e de Infectologia da entidade, traz orientações atualizadas para médicos, profissionais de saúde e população em geral a respeito da aplicação de vacinas em crianças e adolescentes hígidos, do nascimento até os 19 anos de idade.

No texto, os especialistas destacam que podem sofrer alterações as recomendações para aqueles com imunodeficiências ou em situações epidemiológicas específicas. Por isso, a SBP publicou no ano passado um documento específico com orientações sobre vacinação para crianças e adolescentes em situações especiais.

O presidente do DC de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, destaca que o documento deste ano sofreu pequenos ajustes em relação ao de 2020 e frisa a importância da leitura detalhada do material. “Já é uma tradição dos Departamentos de Imunizações e de Infectologia a atualização desse calendário com as mais recentes evidências. E é crucial destacarmos que as notas explicativas são parte integrante deste material. Por isso, é essencial, além de ler a tabela, conferir as considerações sobre cada vacina e suas especificidades”.

CLIQUE AQUI E LEIA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA

Dr. Renato Kfouri ressalta, ainda, a relevância do documento para todos os pediatras brasileiros. “É uma referência em relação às recomendações sobre imunização, intervalos e vacinas preconizadas, disponibilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aquelas disponíveis somente em serviços privados. Mantemos um olhar sobre a saúde pública e também sobre a saúde individual”, explica

BAIXA COBERTURA VACINAL - Abordar a importância da imunização se torna ainda mais importante neste momento, no qual, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), de 2018 a 2020, as taxas de coberturas vacinais vêm caindo a cada ano. Estão no topo dessa lista as vacinas contra BCG, hepatite B, rotavírus humano, pneumocócica e poliomielite. “Muitos estudos vêm buscando entender as causas para essa queda, mas são diversas as variáveis em um país tão desigual como o Brasil.

Destaco algumas questões, como: acesso às vacinas, horário dos postos, desabastecimento, fake news e complexidade do calendário vacinal. Porém, além desses fatores, há também a baixa percepção de risco. Isto é, o sucesso das imunizações ao eliminar certas doenças vem gerando despreocupação, as pessoas não se sentem mais ameaçados”, explica.

De acordo com o dr. Renato, a situação que já era preocupante se tornou ainda mais grave com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao país, e os números do MS confirmam esse cenário. A taxa de cobertura da vacina BCG, que previne contra tuberculose grave, por exemplo, foi de 99,72%, em 2018; para 86,67%, em 2019; e, em 2020, chegou a 73,38%. Esses números representam uma queda de 26,4% em apenas dois anos.  

“Em 2020, testemunhamos uma queda em todas as vacinas, com uma estimativa de decréscimo de 20% a 30%. Os pais e responsáveis têm um grande receio de levar os filhos às unidades de saúde, por conta de uma potencial transmissão de covid-19. Apesar de todos os esclarecimentos que buscamos transmitir, não vimos esses números melhorarem, o que esperamos que ocorra em 2021. A nossa preocupação é ainda maior com as doenças mais transmissíveis, como sarampo, difteria e a possibilidade de reintrodução da pólio”, alerta o dr. Renato.

O médico salienta que o retorno às aulas se torna mais um agravante neste momento. “Obviamente o risco é muito grande, estamos passando pela campanha de gripe com coberturas, nas gestantes e crianças, baixíssimas, cerca de 20%. Os pediatras são os grandes orientadores nesse sentido, não apenas para as crianças, mas para toda a família, e temos o papel de fortalecer as recomendações de retornar às aulas com a vacinação em dia”.

Kfouri destaca, ainda, um recente estudo da revista The Lancet, publicado em julho do ano passado, no qual é estimado que o risco de crianças, que não foram imunizadas, de adquirirem as formas graves das doenças presentes no calendário vacinal é 84% maior do que o de desenvolverem covid-19 grave.