Apoiar os pediatras na promoção e conservação de sua saúde mental, de suas famílias e dos diferentes grupos sociais aos quais prestam assistência. Este é o objetivo do documento elaborado pelo Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgado na última quarta-feira (29).
A nota de alerta “Promoção de Saúde Mental em Tempos de COVID-19: Apoio aos Pediatras” foi organizada a partir de conhecimentos científicos atualizados, da prática clínica e de fontes gerais de informação. Segundo o documento, a atual pandemia de COVID-19 configura um trauma psicológico coletivo de dimensões muito amplas, pela enorme conectividade do mundo contemporâneo.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA DE ALERTA.
Juntamente à rápida disseminação de notícias referentes à doença, o contágio emocional do terror e do pânico se alastra de modo exponencial, criando o desafio de substituir notícias sensacionalistas e falsas por recomendações úteis e relevantes.
Um dos grupos humanos mais pressionados psicologicamente pelas pandemias é o dos profissionais de saúde. Por estarem na linha de frente no combate à COVID-19, estes precisam, mais do que nunca, cuidar da saúde física e mental, que fica mais vulnerável diante dos desafios atuais. No momento atual, são várias as pressões a que são submetidos os pediatras.
CONSEQUÊNCIAS – Para além do grave impacto na saúde física, na economia e nas regras de convívio social, as pandemias geram uma séria consequência à saúde mental, determinada de maneira multifatorial. Embora ainda existam poucas informações específicas sobre a COVID-19, o conhecimento acumulado sobre as consequências psiquiátricas das pandemias anteriores pode auxiliar na antecipação de problemas prováveis.
Nos profissionais de saúde, pode ocorrer o aumento do risco de surgimento de quadros de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático, tanto durante o surto como subsequentemente, pela exposição à tensão, ao medo, à possibilidade de contágio, e ao trauma psicológico.
Na população em geral, pode haver aumento da prevalência dos transtornos mentais, principalmente transtornos de ansiedade, de humor, de estresse e abuso de substâncias psicoativas, durante o curso e depois da pandemia, gerado pelos efeitos traumáticos do medo da doença, do clima de pânico, da perda de entes queridos, da ameaça de desemprego e falência, da fome, da desorganização familiar e social, e das consequências psicológicas danosas do isolamento.
RECOMENDAÇÕES – Na publicação, são apresentadas recomendações práticas para o alívio do estresse psicológico. Diante deste cenário complexo, o pediatra pode ter dificuldade de se adaptar aos novos tempos e criar uma rotina que leve em conta todas as demandas a que é submetido.
Em meio ao bombardeio de notícias alarmistas, informações irrelevantes e fake news, é importante restringir as leituras a trabalhos científicos, fontes confiáveis e instituições atualizadas. Nos serviços de saúde, o profissional está submetido a uma série de pressões: reorganização das escalas e atividades, difíceis decisões administrativas, medidas de proteção, entre outras. Por isso, recomenda-se cuidado para manter um clima de tranquilidade e civilidade com os colegas, também pressionados pelas circunstâncias.
Para as unidades que dispõem de serviços de Saúde Mental, uma boa estratégia é disponibilizar atendimentos pontuais e emergenciais para os membros da equipe de saúde, como auxílio ao gerenciamento das situações de estresse e dos agravos à saúde mental.
Caso o pediatra opte por atendimentos on-line, deve agendar as consultas, reservar horários que sejam confortáveis e seguros para o médico e para o paciente, e orientar que as famílias busquem um local doméstico tranquilo.
Ao fim do documento há uma mensagem de esperança de dias melhores e relembrando que graves crises históricas se revelaram oportunidades para que a humanidade progredisse nas dimensões técnico-científica e social.
“Tempos difíceis criam possibilidades riquíssimas de autoconhecimento, de desenvolvimento pessoal e de evolução das relações humanas. E criam o cenário propício para as manifestações de solidariedade, de união, de cooperação e de amor desinteressado. Somos todos conclamados à autossuperação, nos pequenos e grandes atos heroicos do dia a dia. Cabe a nós sair da atual pandemia mais fortes, mais resilientes e mais solidários”, finaliza o documento da SBP.
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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