O Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou na última quarta-feira (3) a Nota de Alerta “COVID-19 e manifestações gastrintestinais: transmissão fecal-oral; há evidências?”. Segundo o documento, na atual pandemia, a maior parte da atenção ainda se concentra nos sintomas respiratórios da doença. No entanto, aponta o documento, o número de pacientes com a COVID-19 que apresentam diarreia é significativo.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA.
Os dados publicados até o momento demonstram que o sistema digestório e o fígado são órgãos suscetíveis à infecção pelo SARS-Cov-2 e que os indivíduos acometidos podem apresentar sintomas e sinais decorrentes provavelmente do comprometimento dos mesmos. A patogênese e os modos de transmissão têm sido as principais lacunas de conhecimento da COVID-19.
“Não dispomos de muitos dados referentes ao impacto da pandemia em pacientes pediátricos, no entanto as crianças podem apresentar sintomas gastrintestinais com frequência. A presença de sintomas digestivos varia de 5% a 50% em adultos e 10% nas crianças”, destacam os membros do DC de Gastroenterologia da SBP.
De acordo com o documento, a manifestação gastrintestinal mais comumente relatada na COVID-19 é a diarreia, seguida por dor abdominal, náuseas e vômitos. A prevalência da diarreia é descrita em 17% a 39,6% nos adultos11e em até 20% das crianças12, mas de acordo com a literatura, estes valores podem estar subestimados.
“O envolvimento gastrintestinal na COVID-19 e a presença do RNA viral em amostras fecais de pacientes apoiam a necessidade de se investigar melhor a importância da via fecal-oral na transmissão da doença. A carga viral necessária para a transmissão fecal-oral, ainda não é conhecida, mas o RNA do SARS-CoV-2 pode ser detectado nas fezes de pacientes assintomáticos ou com diarreia prévia”, diz trecho da nota.
O texto ressalta ainda que estes achados também chamam a atenção dos profissionais da saúde para o potencial risco de infecção durante procedimentos tais como endoscopia e ileocolonoscopia.
INVESTIGAÇÃO – Na atual pandemia, a maior parte da atenção ainda se concentra nos sintomas respiratórios da doença. No entanto, é importante enfatizar que o número de pacientes com a COVID-19 que apresentam diarreia é significativo. Acometimento de outros órgãos vem sendo descrito assim como quadros graves com choque e exacerbação de reposta inflamatória.
Embora a excreção viral pela via respiratória seja uma importante forma de transmissão, a hipótese de eliminação do vírus pela via fecal e a contaminação ambiental podem contribuir também para a transmissão viral e não podem ser negligenciadas. Medidas de precaução rigorosa quanto ao manuseio das fezes de pacientes infectados com coronavírus e adequado tratamento de esgotos, especialmente os hospitalares precisam ser reforçados.
“Como ainda não dispomos de dados de viabilidade do SARS-CoV-2 nas fezes, pesquisas futuras sobre a possibilidade da transmissão fecal-oral do SARS-CoV-2 precisam incluir também estudos ambientais com o objetivo de tentar determinar e conhecer a viabilidade viral em condições que favoreçam esse tipo de transmissão”, finaliza o documento.
Informações atualizadas sobre o impacto da COVID-19 em Pediatria são disponibilizadas no novo site da SBP, disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/
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