SBP divulga o Guia Prático sobre Dismenorreia Primária em adolescentes

Nesta semana, o Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulga um guia prático de atualização sobre “Dismenorreia Primária em Adolescentes: estado da arte”. A publicação apresenta os principais conceitos a respeito dessa manifestação, caracterizada por extremo desconforto vivenciado pela mulher, durante os fluxos menstruais. O problema é reconhecido a partir dos episódios recorrentes de cólicas, que dominam a região do hipogástrio, após a exclusão diagnóstica de doença pélvica associada.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O DOCUMENTO

Conforme ressalta o documento, apesar da dismenorreia primária (DP) se apresentar com alta frequência entre adolescentes e mulheres jovens, ainda permanecem abertas muitas lacunas sobre a compreensão dessa desordem, que guarda semelhanças com: adenomiose, endometriose, malformações do sistema genitourinário, doença inflamatória pélvica, cistos ovarianos, entre outras doenças.

EPIDEMIOLOGIA – Segundo o documento, a DP apresenta prevalência de 45% a 90% entre mulheres que menstruam. Desse total, de 15% a 25% tem formas graves. No então, devido à dor ser considerada um sintoma subjetivo, sua prevalência não está bem estabelecida. Estudo brasileiro descreve que cerca de 73% das adolescentes sofrem com o problema.

“Além disso, os sintomas presentes nas adolescentes com DP não são evidenciados no momento da menarca, mas quando iniciam ciclos ovulatórios, fato que ocorrer em média seis a 18 meses após a primeira menstruação”, pontua o texto.

SINTOMAS – De acordo com o guia, para algumas adolescentes, o sintoma de dor pode ser acompanhado de náuseas, vômitos e diarreia, resultantes de estímulos gastrintestinais ou de dor no hipogástrio e na região lombo-sacral.

Em algumas situações, pode haver também cefaleia, tontura, alterações de humor, agressividade, depressão, ansiedade, vertigens, cansaço, alterações do controle postural e distúrbios do sono. Tanto a dor em cólica quanto os outros sintomas podem surgir algumas horas antes do evento menstrual e durar de um a três dias após o início da menstruação.

As repercussões podem resultar em ausência nas atividades escolares, laborais e outras práticas sociais e recreativas. Por isso, a SBP sugere que questionamentos sobre esses eventos sejam formulados pelo pediatra, durante as consultas de rotina. No guia de atualização, há uma série de esclarecimentos sobre como realizar a avaliação detalhada da dismenorreia primária.

“Nos casos de dor moderada a intensa, ou refratária, é essencial a realização de um ultrassom pélvico para exclusão diagnóstica. No caso de adolescentes sem atividade sexual, quando indicado, o ultrassom pélvico deve ser realizado pela via abdominal, apesar da menor precisão do método”, salienta o texto.

TRATAMENTO – Segundo a publicação, várias abordagens podem ser utilizadas frente aos casos de dismenorreia primária. No período entre as crises, devem ser implementadas mudanças alimentares, como a redução da oferta de carboidratos e gorduras na dieta, e principalmente de cloreto de sódio, para minimizar a retenção de líquidos. 

No momento das crises, a paciente precisará repousar e o pediatra está habilitado a indicar antiespasmódicos, analgésicos e, em algumas situações, ansiolíticos. O documento da SBP apresenta ainda estudos sobre a eficácia de anti-inflamatórios não esteroidais, anticoncepcionais hormonais, entre outros medicamentos.